Sociedade
Entregador faz relato de violência policial em SP: ‘Faz o L, agora’
Paulo Galo afirma ter sido submetido a tortura em delegacia depois que policiais o encontraram andando de moto sem capacete


O entregador Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, afirma ter sido espancado e queimado por policiais em São Paulo após uma abordagem.
Segundo relato, policiais o conduziram à delegacia depois de encontrá-lo andando de moto sem capacete. No local, teria sido submetido às torturas.
“A [sic] 2 semanas a traz fui pego sem capacete pela polícia me levaram pra uma delegacia, me espancaram e me queimaram dizendo: Voce não gosta de queimar as coisas? Faz o L agora!”, narrou em publicação feita neste sábado 4 em suas redes sociais.
No post, o entregador também publicou fotos das marcas em seu corpo, como bolhas em um dos braços, luxação em um dos dedos das mãos e escoriações na boca, orelha e outras partes do corpo.
O entregador afirma que o caso aconteceu há duas semanas e que a denúncia não foi feita anteriormente por temer pela segurança de sua família. “Como eu e minha família ficaríamos com esses cara rondando por aqui?”, questionou.
“Porém fiquei mal de cama, depressivo me sentindo um covarde por não denunciar. Resolvi posta [sic] hoje pra tira um pouco desse ódio que tá me fazendo mal me adoecendo”, acrescentou na publicação.
No final do ano passado, o entregador chegou a ser condenado pela Justiça de São Paulo por incendiar a estátua do Borba Gato, bandeirante paulista que escravizou negros e indígenas. A Justiça fixou uma pena de três anos de reclusão em regime aberto, mas a substituiu por prestação de serviços comunitários, com possibilidade de recurso.
O entregador também fez menção ao episódio, em tom crítico: “Há motivos pra se levantar uma estátua? Também existem motivos pra se derruba-lá. Paz”.
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Em nota encaminhada à reportagem, a Secretaria de Segurança Pública informou que, até o momento, nenhuma denúncia foi feita sobre o caso.
“A SSP esclarece que as polícias estão sempre prontas para apurar possíveis desvios de conduta e punir policiais que de fato ajam com truculência, como a apontada pelo relato nas redes sociais, no entanto, os detalhes informados são insuficientes para se identificar onde e quando os fatos ocorreram, bem como apontar os culpados. As Corregedorias das Polícias Civil e Militar estão à disposição para possíveis denúncias”, completou a pasta.
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