Sociedade
Entregador é alvo de ataques racistas por adolescentes no interior de SP: ‘preto, macaco, fedido’
A Polícia Civil investiga o crime como injúria racial
Um motoboy negro de 29 anos foi hostilizado por duas adolescentes brancas após a entrega de um lanche no último sábado 22, na região de Taquaritinga, interior de São Paulo.
No momento do pagamento, as garotas teriam contestado o valor total, mas após confirmarem na nota fiscal que a quantia estava correta e o entregador deixar a residência, elas gravaram um vídeo nas redes sociais com ofensas racistas contra o entregador.
“Chegou aqui o motoqueiro. Preto, macaco, fedido, filho da puta”, diz uma das meninas. Ambas são menores de idade.
Em seguida, a jovem que está filmando reforça os xingamentos proferidos pela amiga. “Ele é tudo isso, ele é tudo isso. É um filho da puta”. Na gravação é possível ouvir outras risadas ao fundo.
O entregador, que não teve o nome divulgado, registrou um boletim de ocorrência. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil como crime de injúria racial e o entregador, as garotas e seus responsáveis legais devem prestar depoimento na tarde desta segunda-feira 24. A informação foi confirmada por CartaCapital.
O vídeo das agressoras viralizou na cidade e outros entregadores foram protestar em frente à residência das jovens racistas, com um buzinaço.
A hamburgueria em que o motoboy trabalha, lamentou o fato e manifestou repúdio aos ataques das racistas, afirmando que está prestando “total apoio ao trabalhador que no momento se encontra extremamente magoado e triste com o acontecido”. O entregador presta serviço autônomo a restaurantes e outros estabelecimentos locais.
“Pedimos respeito a essa classe trabalhadora que, faça chuva ou faça sol estão sempre correndo para entregar no conforto de nossas casas nossas encomendas”, completou a La Brasa Burger, em nota publicada nas redes sociais.
As adolescentes se desculparam dizendo que estavam “zoando” e que estavam “no calor do momento”, mas que isso “não justifica o nosso ato” e admitindo que falaram “coisas ridículas e horríveis”.
A situação ocorre pouco menos de duas semanas após a agressão a outro entregador negro, por uma mulher branca, na zona oeste do Rio. Ele levou chicotadas por uma ex-atleta de vôlei durante o trabalho.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.