Sociedade
Em um mês, 1,7 milhão de brasileiros perderam o emprego, diz IBGE
Pesquisa também identificou que mais da metade da população brasileira foi impactada pelo auxílio-emergencial
Somente no mês de junho, mais de 1,7 milhão de pessoas ficaram sem emprego em comparação com maio – número que representa um aumento de 10,7% na taxa de desocupação no Brasil.
Os dados são da última PNAD-Covid19 mensal, pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada nesta quinta-feira 23.
Na análise do diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, porém, os dados também são afetados com a flexibilização das medidas de quarentena em diversos estados do País, o que aumenta, também, o número de pessoas procurando ativamente por emprego.
“Isso implicou no aumento da população na força trabalho, já que o número de pessoas que não buscavam trabalho por causa da pandemia reduziu frente a maio. Elas voltaram a pressionar o mercado”, afirmou. Com isso, a população ocupada reduziu para 83,4 milhões de trabalhadores.
A pesquisa é realizada mensalmente pelo IBGE e tem sido feita pelo telefone devido à pandemia de coronavírus. São, ao menos, 193.662 telefones registrados, o que corresponde a 92% da amostra base usual do órgão, que entrevista 48 mil domicílios por semana. A amostra é fixa, o que faz com que os entrevistados no primeiro mês de coleta sejam os mesmos até o fim da pesquisa.
Houve, também, um aumento da soma do que todos os trabalhadores recebem, que foi de R$ 157 bilhões para R$ 159 bilhões. “Esse é um dado positivo, porque indica que tivemos mais dinheiro proveniente de trabalho circulando em junho do que em maio. Esse dado indica reação do mercado”, disse Azeredo.
A pesquisa identificou o movimento de volta ao trabalho, apesar dos números da pandemia estarem um “platô” altíssimo de mortes registradas diariamente, que chega a mais de 1000 vidas perdidas para a covid-19. Cerca de 82,3% do total de ocupados (68,7 milhões) não estavam afastados do trabalho em junho, contra 77,5% em maio. Entre os não afastados, 8,7 milhões cumpriam home office, o equivalente a apenas 12,7%, sendo a maioria com nível superior ou pós-graduação completo.
Entre os trabalhadores mais afetados pela pandemia, figura no topo os trabalhadores domésticos sem carteira assinada (26,8%), seguidos por empregados do setor público (24,4%) e do setor privado (17,3%) também sem registro CLT.
Auxílio-emergencial impacta metade da população brasileira
O IBGE também trouxe dados sobre a dimensão do auxílio-emergencial no mês de junho: quase metade da população, ou 104,5 milhões de pessoas, viviam em domicílios em que ao menos um morador recebeu o benefício. Para Cimar Azeredo, isso significa que, direta ou indiretamente, toda a família desses mais de 29,4 milhões de domicílios foi impactada com o recebimento dos R$ 600.
O especialista acrescenta que o programa teve maior impacto com as pessoas mais vulneráveis, que, na ausência do benefício, viveriam com R$ 354,18 ou menos. “O auxílio emergencial atingiu cerca de 80% dos domicílios duas primeiras faixas de renda e cerca de três quartos dos domicílios da terceira faixa. Isso demonstra a importância do programa na renda domiciliar per capita dos domicílios dos estratos de renda mais baixos”, afirmou.
As regiões mais contempladas foram Norte e Nordeste, nos quais mais de 60% e 58,9% das residências, respectivamente, tinham alguém que recebia o auxílio. No Centro Oeste, essa taxa vai para 41,4%, seguido do Sudeste, com 35,9%, e do Sul, com 29,7%.
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