Sociedade
Em novo caso de engano, homem é preso no Rio por crime que não cometeu
Ele foi confundido com uma pessoa com nome semelhante acusada de crime na Bahia; episódio idêntico aconteceu com mulher, também no estado do Rio: ambos ficaram três dias presos


Um homem de 30 anos, morador do Rio de Janeiro, passou três noites preso depois de ser confundido com uma pessoa de nome semelhante e que é alvo de mandado de prisão na Bahia. É o segundo caso do tipo na mesma semana.
Alex dos Santos Rosário, que trabalha como merendeiro em uma escola, estava com um amigo em uma moto na manhã de domingo 16 quando a dupla foi abordada pela polícia. Após checagem de documentos, ele foi detido.
O merendeiro foi confundido com uma pessoa de nome semelhante: Alex Rosário dos Santos, acusado de ser responsável por um assalto a um shopping de Salvador no dia 13 de agosto de 2022. O carioca, porém, estava no Rio no dia.
Para provar a inocência, a família e a defesa de Alex dos Santos Rosário enviaram fotos de uma festa de aniversário que aconteceu no Rio de Janeiro no mesmo dia. A carteira de trabalho, comprovando que ele trabalha em uma escola municipal do Rio, também foi apresentada como prova.
A Justiça da Bahia tratou o caso como “erro grave”, e destacou que os dados pessoais e as feições físicas dos dois homens são completamente diferentes. Depois de três dias preso, ele foi liberado.
O caso é muito parecido com o de Débora Cristina da Silva Damasceno, moradora da cidade de Petrópolis, interior do Rio de Janeiro, que foi presa ao ser confundida com outra mulher, de nome Débora Cristina Damasceno (sem o “da Silva”), acusada de um crime em Minas Gerais.
Os protestos não adiantaram. Débora da Silva, que jamais esteve em Belo Horizonte, foi levada de Petrópolis para a cidade do Rio de Janeiro, onde passou os três dias presa – na mesma penitenciária onde estava Alex dos Santos Rosário. Só foi solta após a constatação do erro e de audiência de custódia.
A delegacia de Petrópolis informou que “na delegacia, foi constatado um mandado de prisão pendente em nome dela. O documento foi expedido pela Justiça de Minas Gerais com os dados da mulher, incluindo nome completo, número da identidade, data de nascimento e nome dos pais. Diante destas informações, conforme legislação vigente, o mandado foi cumprido”.
A 2ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Comarca de Belo Horizonte reconheceu que “houve um equívoco” no mandado de prisão, que foi expedido com os dados de Débora da Silva. A Justiça destacou que os nomes dos pais dela (Cândida e Ivo) também são bem diferentes dos da mulher procurada (filha de Luiza e João).
Débora da Silva foi detida depois que foi a uma delegacia de Petrópolis denunciar ter sido vítima de violência doméstica. A delegacia afirmou que registrou o caso denunciado. Foram solicitadas medidas protetivas de urgência e uma investigação foi aberta.
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