Sociedade

Em depoimento à Câmara, Flordelis chora e diz não ter mandado matar o marido

O MP-RJ considerou ter ‘sólidos e veementes elementos’ de prova e pediu que a pastora e mais quatro pessoas sejam julgadas por homicídio

Flordelis é acusada de ser a mandante do assassinato de seu marido, o pastor Anderson do Carmo. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Assassinato de reputação foi como a deputada Flordelis (PSD-RJ) resumiu os últimos acontecimentos de sua vida em um depoimento dado ao Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira, 16. A fala, por videoconferência, fez parte da defesa da parlamentar no processo que pode levar à cassação de seu mandato. Em um discurso de 10 minutos, ela disse, chorando, ser inocente e não ter mandado matar o marido, o pastor Anderson do Carmo.

“Estou aqui hoje para finalmente ter um espaço para me defender e quero fazer isso olhando, mesmo em vídeo, nos olhos de vossas excelências e dizer que, eu, Flordelis, eu sou inocente. Eu não mandei matar meu marido, eu não participei de nenhum ato de conspiração contra a vida do homem que foi meu companheiro por muitos anos, mais de 20 anos”, disse Flordelis.

Ela é acusada de ser a mandante do homicídio de seu marido, morto em 16 de junho de 2019 na porta de casa, em Niterói (Região Metropolitana do Rio). O casal ganhou notoriedade por ter criado 55 filhos, a maioria adotivos.

O Ministério Público do Rio de Janeiro considerou ter “sólidos e veementes elementos” de prova e pediu, no início do mês, que cinco pessoas sejam julgadas por homicídio triplamente qualificado: Flordelis, sua filha Simone dos Santos Rodrigues, sua filha afetiva Marzy Teixeira da Silva, sua neta Rayane dos Santos Oliveira e seu filho afetivo e ex-genro André Luiz de Oliveira. Os outros réus devem responder por outros crimes, que são conexos com o homicídio, e por isso o julgamento deve caber ao mesmo Tribunal do Júri, defende o MP-RJ.

No começo do ano, uma das filhas da deputada confessou ter pagado R$ 5 mil para o assassinato de Anderson. Simoni dos Santos Rodrigues disse que a quantia foi entregue à sua irmã Marzy Teixeira. A motivação do crime seriam assédios sexuais cometidos pelo pastor.

“Eu não sabia o que estava acontecendo dentro da minha casa. Eu não sabia que meu marido estava assediando a minha filha. Eu não sabia, eu não sabia, eu não sabia. E agora eu entendo por que ele não fez nada. Queria evitar que eu soubesse o que estava acontecendo dentro da casa”, disse a deputada durante o depoimento na Câmara. “Minha filha foi a mandante com a outra filha, não sei mais quem estava envolvido, mas eu não compactuo com isso. Não matar, ela tinha outros caminhos de denúncia.”

Desde outubro do ano passado, a deputada é obrigada a usar uma tornozeleira eletrônica. Ela tem imunidade parlamentar e só poderia ser presa em flagrante. Flordelis segue também atuando normalmente como deputada.

“Tem sido quase impossível resistir e me manter de pé. Está sendo difícil pra mim porque a pressão é muito grande, devido a tanta violência praticada por alguns que parecem desconhecer as leis do nosso País”, disse ela no Conselho de Ética.

O processo no Conselho de Ética da Câmara trata sobre quebra de decoro e é relatado pelo deputado Alexandre Leite (DEM-SP). O colegiado deve agora ouvir testemunhas sobre o caso nas próximas sessões.

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