Um estudante da Universidade de São Paulo foi agredido por um Policial Militar sem identificação, segundo testemunhas que gravaram um vídeo que circula na internet nesta segunda-feira 9. O vídeo foi gravado no espaço de vivência do Diretório Central dos Estudantes (DCE), fechado para reformas desde 2005 e utilizado por alunos.
No vídeo, o policial, depois de arrastar o estudante pelo espaço, aponta a arma para ele. Segundo depoimento de estudante, a Guarda Universitária chegou para lacrar o local. Os alunos que estavam no espaço questionaram a Guarda. Pouco depois, dois membros da Polícia Militar chegaram ao local para lacrá-lo. Alunos realizaram e tentaram negociar com um sargento sem identificação. Eles divergiram sobre a necessidade de se fechar o espaço. A conversa parecia pacífica até que um rapaz negro resolveu entrar na discussão. No vídeo, não é possível ouvir o que ele disse, mas a reação do policial é clara. O vídeo mostra o PM questionado se o rapaz era, de fato, estudante da universidade. A abordagem foi feita a tapas, que podem ser ouvidos na gravação. O estudante foi identificado como Nicolas Menezes Barreto, aluno do curso de Ciências da Natureza, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).
“O policial agarrou pelo colarinho do garoto, o arrastou e quando viu que ele tinha carteirinha, saiu de perto, nervoso, e começou a falar no celular”, diz uma estudante que presenciou o episódio. Ela pediu para não ser identificada. “Foi claro que ele foi agredido porque era negro”, diz. “A atitude é absurda, mesmo se ele não fosse estudante da USP”.
Segundo ela, cerca de 40 minutos mais tarde, uma estudante do curso de Letras apareceu no local com uma máquina fotográfica. Novamente, o policial agarrou a mulher pelo braço. “Ele começou a torcer o braço dela e falar que ela seria presa”, afirma. Segundo a estudante, pouco depois, alguns funcionários chegaram ao local e questionaram a atitude da Guarda Universitária, que, segundo ela, não se manifestou em todo o episódio.
Mesmo com incidente, o espaço foi lacrado por funcionários, com a presença da Polícia Militar durante todo tempo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a Polícia Militar anunciou que irá afastar os dois policiais envolvidos no caso. O coronel Welington Venezian, comandante da área, afirmou que houve um despreparo na ação e descontrole emocional, assumido, segundo ele, pelo próprio sargento André Ferreira, que agrediu o estudante. Uma investigação de 60 dias foi aberta para apurar o caso.
Leia abaixo a íntegra da nota oficial da Polícia Militar:
O coronel Wellington Venezian, comandante do CPA/M-5 (Comando de Policiamento Metropolitano – 5), responsável pela zona oeste da capital, afastou das ruas o sargento André Luiz Ferreira e o soldado Rafael Ribeiro Fazolin, envolvidos em uma discussão que terminou com a agressão a um estudante no campus da USP (Universidade de São Paulo).
O vídeo mostrando a agressão foi publicado na internet no início da tarde de hoje (9). O comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, ordenou o afastamento dos policiais das ruas assim que assistiu ao vídeo, ainda durante a tarde.
Venezian afirmou que o procedimento “não é o correto da PM”. Os policiais envolvidos já foram ouvidos em sindicância, que será concluída em até 60 dias. Até lá, os dois PMs não voltarão às ruas. O objetivo é também apurar a conduta dos policiais no momento em que não estavam sendo gravados.
O sargento André Luiz Ferreira atua na USP desde o início do convênio da Polícia Militar com a Universidade, oficializado em setembro do ano passado. Em seu histórico nunca constou nenhuma irregularidade.
O efetivo da PM não será alterado no campus da USP – outros dois policiais assumirão os postos dos PMs afastados.
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