Edição comentada de “Minha Luta” sairá em 2016

Instituto de Munique anuncia para janeiro lançamento de versão crítica do livro de Hitler, proibido na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra. Objetivo é aprofundar análise histórica do nazismo

Dachau, o primeiro campo de concentração nazista, nas proximidades de Munique

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O Instituto de História Contemporânea (IfZ, na sigla em alemão), baseado em Munique, anunciou na sexta-feira 20 a intenção de lançar a polêmica edição comentada do livro Minha Luta (Mein Kampf), de Adolf Hitler, em janeiro de 2016.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o estado da Baviera detém os direitos de publicação do livro e proíbe novas impressões na Alemanha.

Na Europa, os direitos autorais expiram 70 anos após a morte do autor, e, no caso de Hitler, isso acontecerá ao fim de 2015. O livro vai, então, se tornar de “domínio público”, ou seja, em teoria, poderá voltar a ser publicado e distribuído por qualquer pessoa.

No ano passado, porém, em meio ao debate sobre a publicação do livro, o Ministério da Justiça determinou que a distribuição de qualquer versão não comentada de Minha Luta continuaria proibida na Alemanha, mesmo após expirarem os direitos autorais. A decisão foi tomada com base na lei alemã que proíbe qualquer tipo de incitação ao ódio racial.

A edição comentada deverá ter dois volumes e mais de duas mil páginas. Delas, 780 serão do livro original de Hitler, e as demais conterão introdução, índice e mais de cinco mil comentários de estudiosos, direcionados a estudantes, sobre a obra de propaganda escrita pelo ditador nazista.

“Queremos cercar Hitler”, disse Andreas Wirsching, diretor do IfZ. “O que vamos publicar é, na verdade, um trabalho anti-Hitler.” O instituto bávaro trabalha desde 2009 na edição e tem como intuito facilitar o entendimento do livro.


Na Alemanha, Minha Luta é constante tema de debate, porém, há pouco conhecimento fundamentado sobre ele. Apesar de ser o único documento de teor autobiográfico do líder nazista, faltam análises aprofundadas das origens, da estrutura e, sobretudo, das repercussões do panfleto de incitação popular em sua época.

O governo federal mantém uma postura neutra em relação à ideia. A versão comentada do livro não tem a intenção de apenas olhar para o passado, mas, como diz o projeto, fazer “uma profunda análise histórica da ditadura nazista”.

RPR/ap/afp/rtr

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