Política

Doria quer que manifestações pró e contra Bolsonaro aconteçam em dias diferentes

Governador disse que a PM ‘não tem lados’ quando se trata de manifestações, apesar do confronto direcionado no domingo

(Foto: Reprodução)
Apoie Siga-nos no

O governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou que irá orientar a Polícia Militar a não permitir que manifestações pró e contra Jair Bolsonaro aconteçam no mesmo dia, local e horário.

Na tarde do domingo 31, a PM paulista confrontou pessoas presentes no ato pró-democracia após um apoiador de Bolsonaro, que estava com uma bandeira da extrema-direita ucraniana, ter começado uma confusão com torcedores de times paulistas que foram protestar em conjunto – uma versão diferente da primeira justificativa da polícia.

Em entrevista ao vivo à GloboNews enquanto a confusão ainda acontecia, o coronel da PM paulista, Álvaro Batista Camilo, informou que um dos lados “jogou pedras” na polícia, mas não soube dizer qual deles foi o responsável. Depois, em entrevista a CNN Brasil, mudou a versão e disse que o confronto foi suscitado pela provocação do bolsonarista.

No entanto, o grupo de torcedores foi o único a ser atacado com bombas de efeito moral. Antes do conflito, os protestantes estavam separados na Avenida Paulista por um cordão de isolamento. O ouvidor da Polícia de São Paulo, Elizeu Lopes, afirmou em vídeo que irá pedir apuração dos fatos envolvendo os atos.

Doria argumenta que a presença da PM evitou “uma situação de confronto que poderia trazer resultados gravíssimos”, e que por esse motivo, articula um acordo com a Prefeitura de São Paulo para evitar que os protestos “dos grupos pró-governo Bolsonaro e pró-democracia”, como definiu, ocorram no mesmo dia. A orientação é de que os atos ocorram nos fins de semana, um no sábado e outro no domingo. “O local poderá ser o mesmo, porém em dias diferentes.”, explicou ao dizer defender o direito a manifestação dos dois lados.

O governador também negou que a polícia tenha tido lados na manifestação, apesar da ação retaliatória apenas contra o grupo pró-democracia. A cena de uma mulher bolsonarista munida com um taco sendo acompanhada gentilmente por um policial para fora de uma discussão [veja abaixo] que ela suscitou chamou atenção. Questionado sobre isso, o general Campos, secretário de Segurança Pública de SP, afirmou que a atitude do PM foi correta, mas que o instrumento deveria ter sido apreendido.

“A atitude do policial merece um elogio. Fez o que se prevê no emprego progressivo da força: ele a retirou de uma discussão somente com diálogo. Contudo, como você bem disse, o taco, dependendo das circunstâncias, é uma arma, como é uma panela. Esse taco deveria ter sido retirado. De qualquer maneira, qualquer instrumento que possa causar dano deve ser retirado.”, disse.

Doria criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro, que, também no domingo, participou de atos anti-democráticos em Brasília, passeou de helicóptero para acenar aos apoiadores e andou à cavalo na frente deles.

“Qual é o sentido de um presidente da República desfilar à cavalo em meio a 30 mil mortos pelo coronavírus? Qual é o sentido? Qual é a razão? O que ampara um ato desta natureza em meio à pandemia? Mais de 500 mil adoentados, milhares que perderam suas vidas. O presidente passeia em cavalo enquanto a crise galopa.”, disse.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro também falou aos seus apoiadores para que evitassem fazer protestos no mesmo dia do que a oposição, que já pretende fazer um novo ato no próximo domingo 07. “Eu não coordeno nada, não sou dono de grupo. Não participo de nada. Só vou prestigiar vocês que estão me apoiando. Vocês fazem um movimento limpo, decente, pela democracia, pela lei e pela ordem. Eu apenas compareço. Não conheço praticamente ninguém desses grupos. Eu acho que, já que eles marcaram para domingo, deixa domingo lá.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo