Sociedade

Dono da Havan critica aplicação de piso tátil para cegos em loja da rede

‘Olha que coisa feia. É a única loja do Brasil com essa porcaria que não vale nada’, disse o empresário Luciano Hang

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O proprietário da rede de lojas Havan, o empresário Luciano Hang, publicou um vídeo em suas redes sociais na sexta-feira 20 criticando a aplicação de piso tátil para deficientes visuais na unidade Havan de Chapecó, Santa Catarina. “Coloca isso aqui, na porta, que pra nada serve, que leva do nada para lugar algum”, declara, reclamando da aplicação feita na terceira loja da rede na cidade”. “Olha que coisa feia. É a única loja do Brasil com essa porcaria que não vale nada”, acrescenta.

 

O piso forma um retângulo logo na entrada da unidade da Havan. “É como se um cego ficasse andando em voltas, para lá e para cá, para lá e para cá. O cego tenho certeza que vai vir com alguém ou se chegar aqui nós vamos dar atenção para eles. Não precisa botar aquele negócio para ele ficar que nem uma galinha tonta. É um absurdo”, declarou.

Na gravação, ele diz que a prefeitura da cidade passou do ridículo e que se trata de burocracia. Ele também reclama de uma marcação no piso para delimitar o lugar de cadeiras de roda e um carrinho elétrico.

Depois da primeira publicação, Hang faz um segundo vídeo ao lado do Presidente da Comissão das Pessoas com Deficiência da OAB de Sumaré, Jelres Freitas, para reiterar a sua tese de que as loja da rede não precisam se adequar a itens de acessibilidade. Os dois chamam o piso tátil de “jabuticaba” e afirmaram que alguém ganha alguma coisa com a aplicação, já que ela atrapalha pessoas que usam cadeiras de rodas e muletas.

Em nota oficial publicada neste sábado 21, a Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB) rebateu as declarações do empresário e diz que ele “esquece que todo local privado de uso coletivo está sujeito a inúmeras regulamentações e que as pessoas com deficiência, segmento composto por 45 milhões de brasileiros, contam com instrumentos como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que lhes garantem atendimento acessível e inclusivo em todos os estabelecimentos comerciais”.

A organização ainda coloca que “a fala equivocada do empresário denota falta de conhecimento da legislação, um grande preconceito e uma afronta à dignidade das pessoas com deficiência, aos familiares e a toda a sociedade”.

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