O diretor do filme “A vida invisível”, Karim Aïnouz afirmou ter recebido com pesar e indignação a notícia do cancelamento da sessão do filme para os servidores da Ancine, que aconteceria na quarta-feira 11. Segundo nota publicada na coluna de Lauro Jardim , a censura teria partido do gabinete da nova secretária do Audiovisual, Katiane Gouvêa, e a Ancine apenas teria acatado a ordem.
Karim desabafou em suas redes sociais: “Digo pesar pesar pois é triste testemunhar os desdobramentos de uma política tóxica e covarde, perpetrada por um governo catastrófico, que põe deliberadamente em xeque a cultura de um país tão abundante quanto o nosso. Digo indignação porque as ameaças serão apenas ameaças e porque acredito, faço e continuarei fazendo de tudo para que a cultura circule à revelia dos que se apequenam e temem seu poder emancipador. Infelizmente já vi esse filme antes”, criticou.
O diretor considerou a atitude um ato de censura: “Não há meias-palavras para a censura – velada ou não – e para o aniquilamento da cultura. Não há meias-palavras para um governo do ódio, do boicote, do desmonte, e da morte. Não há meias-palavras para uma política covarde que tenta se escorar na própria incapacidade e ignorância. Não há meias-palavras para a desinformação deliberada e a mentira como tática de um governo irresponsável que se agarra nas beiras de tudo que é falso.
O filme “A Vida Invisível” que trata da emancipação feminina e tem a atriz Fernanda Montenegro no elenco vai disputar uma vaga no Oscar do ano que vem na categoria de melhor filme estrangeiro. Karim defende que a obra faz parte de uma safra filmes que estão servindo como prova inconteste de que o fomento à cultura tem frutos grandiosos. “Os filmes nacionais lançados na última década têm tido uma belíssima trajetória nos festivais internacionais e nas bilheterias. Eles têm representado a diversidade do Brasil de maneira poderosa e positiva”.
“A ameaça à vida do setor é criminosa, não só nos termos da importância da indústria pujante que é o cinema nacional hoje, gerando milhares de empregos, mas também e, principalmente, se entendermos a importância crucial que a cultura exerce na sociedade. A cultura é o que nos possibilita acreditar na dignidade coletiva. Ela desarma o horror”, finaliza o diretor.
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