Sociedade
Dez mil ativistas negras marcham contra a discriminação e a violência
Manifestantes chamaram a atenção para a necessidade de políticas públicas de promoção da igualdade; um policial foi preso por atirar
Na capital do país, o dia foi de luta contra o racismo. Ativistas de norte a sul se reuniram nesta quarta-feira 18 para a 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que tomou as ruas da cidade.
Segundo a organização, cerca de 10 mil pessoas participaram do ato, que teve por objetivo chamar a atenção para o combate à discriminação e para a necessidade de ampliação das políticas públicas de promoção da igualdade.
De acordo com o Mapa da Violência 2015, divulgado neste mês pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais, a quantidade de mulheres negras mortas cresceu 54% de 2003 a 2013, enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período.
As estatísticas mostram que os desafios ainda são grandes para a superação do preconceito e da violência contra este que é considerado o segmento mais vulnerável da população.
Para a ministra Nilma Lino Gomes, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o evento mostra a capacidade de articulação e mobilização das mulheres negras de todo o Brasil. Ela destaca a importância de valorizar o protagonismo de pessoas que normalmente têm poucas oportunidades de expressão.
“Se for pensar na luta e na força, elas têm esse comando todo dia, só que muitas vezes é invisibilizado na nossa sociedade por um imaginário racista, por um imaginário sexista. Então, a Marcha é um momento de as mulheres negras colocarem essa visibilidade nacional e internacionalmente”, ressalta.
Essa é também a opinião da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que fez questão de pontuar a baixa representatividade do setor na política e a necessidade de vigilância para que não haja retrocessos nas discussões que permeiam o Congresso Nacional.
A colega de partido e ex-ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (RS), lembrou que há apenas três parlamentares negras na Câmara e isso precisa ser mudado. Para a deputada, é fundamental que essa população ocupe os espaços de decisão e, assim, possa lutar por mais direitos. “Elas ainda são a base da pirâmide”, alerta.
Policial foi preso por atirar durante Marcha
Um homem foi preso em Brasília, no início da tarde da quarta-feira 18 por disparar quatro tiros para o alto durante a Marcha das Mulheres Negras na Esplanada dos Ministérios (assista a dois vídeos no pé deste texto). Ele é policial civil e acampava em frente ao Congresso Nacional junto a outros manifestantes que pedem a volta dos militares ao poder. Houve um princípio de tumulto entre as pessoas, que correram ao ouvirem os disparos.
De acordo com informações da Polícia Militar, o homem alegou ter se sentido ameaçado por conta do protesto. O objetivo do ato era justamente reivindicar políticas de combate à violência e à discriminação contra as mulheres negras, reunindo cerca de 10 mil ativistas de todo o país.
*Publicado originalmente na Revista Fórum.
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Fátima repudia ataque de golpistas contra mulheres negrasA senadora Fátima Bezerra repudiou duramente a atitude de manifestantes pró-golpe que se encontram acampados irregularmente há mais de um mês em frente ao Congresso Nacional e que atacaram, com armas e bombas caseiras, no início da tarde desta terça-feira (18), as mais de 10 mil mulheres que participam da Marcha das Mulheres Negras, em Brasília. No momento em que a senadora gravava um vídeo reafirmando seu apoio ao movimento e garantindo que o “grito das mulheres” iria chegar ao Congresso Nacional, os manifestantes pró-golpe atiraram contra as mulheres da marcha. “Isso é revoltante. A rua é um espaço democrático, onde todos e todas têm o direito de se manifestar, proclamando seus direitos, suas lutas, seus sonhos”. Fátima disse esperar que os as agressões contra as mulheres sejam apuradas e punidas com todo o rigor.“Estas mulheres estão desde cedo se manifestando pacificamente contra a opressão, o fascismo, o racismo, a violência, na tentativa de barrar essa agenda conservadora que tomou conta do Congresso Nacional e são covardemente atacadas e impedidas de chegar ao Congresso Nacional por esses golpistas”, enfatizou a senadora, que participou da marcha pela manhã.
Posted by Fátima Bezerra on Wednesday, November 18, 2015
Momento que o militante descontrolado disparou o primeiro tiro em frente ao Congresso. #MarchaDasMulheresNegras pic.twitter.com/FmISx9nmHb
— George Marques (@GeorgMarques) November 18, 2015
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