Crianças da periferia de SP morrem 23 vezes mais que as do centro, diz estudo

Rede Nossa São Paulo também mapeou dados sobre gravidez na adolescência, que é 53 vezes maior em Marsilac em comparação a Moema

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A desigualdade na cidade de São Paulo mais uma vez é evidenciada através de números. Dessa vez, a diferença de classes e de qualidade de vida entre os bairros da capital paulista ficou clara no Mapa da Desigualdade da Primeira Infância, divulgado nesta quarta-feira 12.

O estudo, feito pela Rede Nossa São Paulo em colaboração com a Bernard van Leer Foundation, organização holandesa com foco em primeira infância, mostra que uma criança que vive no bairro de Marsilac, extremo sul da cidade, tem 23 vezes mais chances de morrer antes do primeiro ano que uma criança do bairro de Perdizes, zona oeste da capital.

Esse número aumentou desde que o estudo começou, em 2017, quando as chances das crianças das periferias morrerem eram 20 vezes maior que as das regiões centrais da cidade.

E não é só em Marsilac. As regiões com maior índice de mortalidade infantil ficam nas periferias de São Paulo, como Parque do Carmo (19,5), José Bonifácio (18,8) e Vila Jacuí (15,0), na zona leste.

Ao todo, a pesquisa deste ano apresentou 26 indicadores espalhados por cinco eixos: contexto urbano, gestação, neonatal, primeiríssima infância e primeira infância.

 


Gráfico que mostra o índice de mortes infantis dividido por bairros de SP (Reprodução)

Gravidez precoce

Outro ponto trazido pelo estudo é que o número de crianças nascidas de mães adolescentes é 53 vezes maior em Marsilac do que em Moema. Essa diferença mostra que políticas de prevenção à gravidez precoce ainda são restritas aos bairros mais ricos.

O levantamento também aponta que o percentual de mães que não cumprem todas as consultas recomendadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é 5,9 vezes maior no distrito de Cachoeirinha, na zona norte, do que no Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo.

O estudo revela que nos dez distritos da cidade de São Paulo com os melhores índices de pré-natal, menos de 10% das mães não cumpriram o número de consultas recomendadas, enquanto que nos distritos com as piores taxas o percentual chega a ser maior que 25%.

Gráfico sobre gravidez na adolescência nos distritos de São Paulo (Reprodução)

 

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