Sociedade

Corregedoria da Justiça vai apurar conduta de juíza que impediu vítima de estupro de realizar aborto

O Código Penal permite o aborto em caso de violência sexual, sem impor qualquer limitação de semanas da gravidez e sem exigir autorização judicial

Corregedoria da Justiça vai apurar conduta de juíza que impediu vítima de estupro de realizar aborto
Corregedoria da Justiça vai apurar conduta de juíza que impediu vítima de estupro de realizar aborto
A juíza Joana Ribeiro Zimmer. Foto: Solon Soares/Assembleia Legislativa de Santa Catarina
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A Corregedoria-Geral da Justiça anunciou que vai investigar a conduta da juíza Joana Ribeiro Zimmer, que encaminhou uma criança de 11 anos, grávida após ser vítima de estupro, a um abrigo para evitar que ela fizesse um aborto legal. O caso foi revelado em reportagem do portal Catarinas e The Intercept Brasil.

Ao descobrir a gravidez, a mãe da criança procurou o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, o HU, ligado à UFSC, para fazer o aborto, prática negada pela unidade que só faz o procedimento até a 20ª semana de gestação. À época, a garota estava com 22 semanas e dois dias de gravidez, o que motivou a ida do caso ao Judiciário. Atualmente, a criança se encontra na 29ª semana de gravidez.

O Código Penal permite o aborto em caso de violência sexual, sem impor qualquer limitação de semanas da gravidez e sem exigir autorização judicial.

Após a divulgação do caso, a Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Catarina também anunciou que vai atuar pela garantia de proteção à vida e acolhimento integral da criança vítima de estupro.

Em nota, a OAB-SC disse que vê a situação com ‘muita preocupação’ e reiterou que ‘dentre as situações em que a legislação brasileira autoriza a interrupção da gravidez estão a violência sexual e o risco de vida para a gestante’. Também afirmou que vai acompanhar todo o processo e seus desdobramentos ‘om o intuito de que a vítima receba amparo integral, incluindo o retorno ao convívio familiar e toda a assistência de saúde necessária, incluindo amparo psicológico para ela e seus familiares’.

O posicionamento foi assinado pelo Presidente da Comissão de Direito da Criança e do Adolescente da OAB/SC, Edelvan Jesus da Conceição.

Petição pede afastamento da juíza

Uma petição online lançada pelo coletivo feminista Juntas pede o afastamento da juíza Joana Ribeiro Zimmer. Na peça, o coletivo destaca que a juíza tem atuado contra o estatuto da Magistratura e a Lei Mari Ferrer, que resguarda vítima de violência no processo judicial.

A peça pretende recolher 30 mil assinaturas para que o Conselho Nacional de Justiça afaste a juíza, ‘que não cumpre o seu dever profissional e coloca em risco a vida de uma criança grávida vítima de estupro’, destaca.

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