Sociedade

Coronel da PM diz que turista estuprada ‘assumiu o risco’ de andar à noite na praia

O militar ainda comparou o estupro da jovem de 19 anos, violentada em Salvador, ao ‘risco’ de um carro a 200 km/h

Ato de mulheres pede o fim da cultura do estupro (Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil)
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Uma turista piauiense de 19 anos, que foi estuprada após um assalto em Salvador (BA) no último dia 7 de janeiro, também foi responsabilizada pelo crime pelo coronel da Polícia Militar Eurico Filho Silva Costa. Isso porque o militar opinou que o fato de a mulher estar andando à noite por uma praia supunha que ela ‘assumia o risco’.

“Foi um comportamento de risco. O que uma pessoa vai fazer numa praia deserta das 19h às 23h, quando ocorreu estupro? Vai fazer o quê? Ela assumiu o risco”, disse o PM ao jornal baiano Correio, que reportou o crime e a repercussão.

A vítima estava acompanhada do namorado no momento da abordagem de dois homens, que anunciaram um assalto. Em seguida, fizeram com que o acompanhante da vítima voltasse ao hotel para buscar a carteira, e, após isso, a mulher foi violentada por um dos assaltantes.

Segundo o jornal, a turista conseguiu fugir do autor do crime apenas depois que ele foi conferir se o namorado dela já tinha retornado com a carteira. A jovem conseguiu pedir ajuda em um hotel, e depois encontrou-se com o parceiro onde estavam hospedados para seguirem à delegacia.

Mesmo assim, o comandante Eurico Costa disse que o casal estava ciente dos riscos que corria e afirmou que não era possível culpabilizar a corporação pelo ocorrido. “O casal teve um tipo de comportamento que não podemos nos responsabilizar. Se um carro trafega a 200 km/h, o motorista assume as consequências, o risco de bater, capotar. Foi a mesma coisa que aconteceu”, afirmou à reportagem.

O estuprador se apresentou à polícia na manhã desta sexta-feira 10, e deve aguardar ao julgamento preso. A jovem foi encaminhada a um hospital da região para tratar de uma lesão no joelho, e depois foi ao departamento especializado para realizar o exame de corpo de delito. Ela diz-se traumatizada e afirma que não retornará mais a Salvador.

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