Rosane Borges

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Jornalista, pós-doutorada em ciências da comunicação, professora colaboradora do grupo de pesquisa Estética e Vanguarda (ECA-USP), integrante do grupo de pesquisa Teorias e práticas feministas (Unicamp/Usp), conselheira de honra do grupo Reinventando a educação. Autora de diversos livros, entre eles: Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro (2004), Mídia e racismo (2012) e Esboços de um tempo presente (2016).

Opinião

Como foi possível o que é?

Uma das avaliações deste nosso momento tormentoso considera que quando não ajustamos as contas com a história, ela volta a nos assombrar

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Das leituras da realidade

Os elementos, recolhidos do chão do mundo vivido, estão aí, desfilando assustadoramente à nossa frente. Sentíamos, já há algum tempo, os sintomas de um mal-estar que fez proliferar zonas obscuras sem contornos definidos.

Dessas zonas, irradiaram vozes raivosas que paulatinamente se tornaram protagonistas. Das camadas subterrâneas, da chamada deep web, do WhatsApp, testemunhamos o processo violento que conflagrou o Brasil nos últimos quatro anos, acionando o botão interno da violência que nos habita desde sempre. Polarização, ódio, extremismos tornaram-se expressões corriqueiras para qualificar o país e seus concidadãos.

Pressentíamos, por um lado, que aquele mal-estar derivava, em grande parte, do esgotamento do pacto da conciliação de classes, provocado pelo voluntarismo das elites que resolveram não mais descer para o playground. Aventávamos, de outro, que as esquerdas malogravam em captar os anseios dos excluídos, porque partiam do entendimento de que sabiam, à distância, o que eles queriam e desejavam.

Dizíamos, ainda, que a incapacidade de se decifrar em que e como as manifestações de 2013 aspiravam a novas formas de organização política, desenhou uma linha divisória que empurrou milhões de pessoas para a extrema-direita, cuja força vulcânica foi sentida nestas eleições de 2018 (salvo engano, desde Carlos Lacerda este espectro não experimentava uma performance tão exitosa).

Apesar das evidências, muitos avaliavam, entre análises e apostas, que seria improvável o avanço e aprovação de uma extrema direita na presidência da República. Quando muito, se dizia que ela chegaria às raias das casas legislativas, resignando-se ao baixo clero, loteando as bancadas do boi, da bíblia e da bala; o ruidoso Jair Bolsonaro derreteria feito sorvete com as campanhas nas ruas, afirmavam alguns entusiasticamente.

Outros, mais assertivos ainda, insistiam que, para o segundo turno, melhor seria um confronto com o capitão do exército porque ele não resistiria a uma frente ampla (que não se compôs) e não teria tempo de TV suficiente para sustentar suas aberrações (mas a TV pouco ou nada significou nestas eleições). Já Bolsonaro, todo pimpão, dizia que o adversário dos sonhos seria um candidato do PT, descartadas as possibilidades de disputa com Lula, porque a vitória não só seria certa, como acachapante.

A realidade como ela é

Desde 2014, pelo menos, Jair Bolsonaro amplificou seu raio de ação, tocando em vários nervos da sociedade brasileira de tal modo que soube prometer o Eldorado para camadas aparentemente heterogêneas.

Aos cidadãos de bem, aos cristãos, acentuadamente os neopentecostais, anunciou uma cruzada em prol “da tradicional família brasileira”, o combate veemente da promiscuidade e depravação promovidas pela esquerda degenerada e pelos sujeitos desviantes (pessoas trans, lésbicas e gays); aos que se viram em estado de insolvência prometeu a volta do “mérito”, uma vez que as perdas materiais dessas pessoas foram provocadas por “privilégios” concedidos a negros, mulheres e outras minorias, ao mesmo passo que disse que combateria o coitadismo no qual esses grupos se escoram para arrancar “benesses” do estado.

Ao  mercado, que reagiu todo afirmativo a ascensão de Bolsonaro, a promessa, subscrita pelo economista Paulo Guedes (que vem se mostrando com um czar do super ministério), foi a de execução de um receituário neoliberal que se alastra em deserto de direitos e justiça social.

Parte do empresariado do setor produtivo é outra camada que também viu, com o “projeto de mudança” que despontava no horizonte plúmbeo, a real possibilidade de desobrigação com quaisquer direitos trabalhistas (fim do 13º salário? Reforma trabalhista a todo vapor? Reforma previdenciária radical? Que maravilha!). Donos de empresas como Havan, Riachuelo, Centauro não nos deixam esquecer de como a banda toca,

Cidadãos de bem, defensores da família e propriedade, os insolventes pertencentes às classes média e baixa, o mercado neoliberal, que se alimenta do capitalismo de crise, a elite empresarial predatória viram-se, todos, atados por um fio que os mantiveram coesos: o surto anticorrupção que encontrou no antipetismo todas as formas de negação da Política e de aniquilamento do Outro.

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Se quiséssemos abreviar os motivos pelos quais o Brasil optou pelo autoritarismo poderíamos enumerar: ascensão da extrema-direita no mundo; crise global das democracias (não é à toa que o livro “Como as democracias morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt venderam feito pão quente); falta de credibilidade nas elites políticas (estamos vendo como essa ausência causou um vácuo no chamado centro-direita com a incapacidade de o PSDB permanecer no comando desse espectro); pregação da teologia da prosperidade, que defende a ascensão social por meio do “mérito” e do empreendedorismo (no primeiro pronunciamento ao povo brasileiro, o presidente eleito mencionou várias vezes o incentivo ao empreendedor, o xodó do neoliberalismo, em detrimento da expressão trabalhador, que sequer figurou em nota de rodapé); conservadorismo/reacionarismo na política de costumes.

Como o inseto de Drummond, é preciso, porém, que a gente não se resigne aos postulados gerais desse diagnóstico. É preciso cavar, vasculhar os ângulos que flagram os detalhes e particularidades que nos instalaram nesta situação. Uma pergunta inequivocamente foucaultiana, o título deste artigo se atem às formas do acontecido.

Autoritarismo na política, xenofobia na ideologia nacionalista e conservadorismo nos costumes é o tripé que vem sustentando o viés ideológico dos governantes ao redor do mundo. Enunciá-los genericamente pode não ser tão instrutivo para entendermos o autoritarismo á brasileira, que não é apenas reflexo do momento. Esse texto é antes um escrito sobre as formas, as tipologias, os traços, entre tantos outros que povoam o nosso imaginário, do que sobre os diagnósticos, as estruturas, os dados, o parecer definitivo. Relembrando as sábias africanas e Dostoievsky: Deus mora no particular, no que a sabedoria popular acrescentou: e o diabo também.

O inferno são os outros: o narcisismo das pequenas diferenças

Excetuando os burocratas de Bruxelas, os partidos mainstream, as grandes corporações midiáticas, os banqueiros e advogados de Wall Street, as corporações transnacionais, os oligarcas, os bilionários e as elites políticas, somos todos perdedores do capital financeiro.

O neoliberalismo vem provocando desapossamentos de várias ordens, empobrecimento agudo, guerras que ganham fôlego em novas modalidades, imigrações em escala colossal provenientes desse estágio em que o capitalismo engolfa a tudo e a quase todos. Países até bem pouco tempo reinantes na geopolítica do planeta sofrem sérios abalos, a Europa afunda num mar em que as relíquias do seu passado glorioso informam que o mundo não lhe pertence mais, os EUA procuram manter hegemonia com o avanço inexorável da China…

Tamanha desgraça só pode ser atribuída ao Outro (caso ele não exista, urge inventá-lo). Assim foi com a ascensão da Alemanha nazista, que precisava encontrar o inimigo interno, extirpá-lo e, dessa maneira, reinar gloriosa; assim foi com o fascismo italiano que precisava, em caráter de urgência, deter o desbragado comunismo e a esquerda imoral.

Assim está sendo nos nossos dias. Quem não se lembra do Brexit, referendado por um  Reino Unido com medo dos imigrantes, esculpidos como perigosos ou sedentos por tomar postos de trabalho cada vez mais escassos? Como não vê uma Europa fechando suas fronteiras para imigrantes vindo das franjas do mundo (africanos, sírios), fenômeno sobre o qual ela mesma tem responsabilidade em virtude do saqueamento histórico em muitos desses países que hoje batem à sua porta? Como não ouvir a excrescência Donald Trump que não desistiu de construir o muro para conter a entrada de mexicanos nos EUA?

Até os brazucas, ora, ora, gente alegre e pacífica, se levantaram violentamente contra os venezuelanos em Roraima. Sim, justo Roraima, senhoras e senhoras, estado que abrigou imigrantes oriundos das franjas do país, à procura de um lugar para recomeçar a vida no século XX. Decididamente, a alterofobia, aversão ao Outro, é uma cifra importante da política contemporânea.

O conceito de narcisismo das pequenas diferenças, de Freud, é providencial. Para ele, é quando a diferença se mostra quase inexistente, que o outro se torna motivo de intolerância; é quando territórios que deveriam estar com fronteiras bem distintas, é aí que se avizinham perigosamente; é quando nos vemos tão parecidos com o outro que destilamos discurso de ódio e, em casos extremos, de aniquilação (um exemplo ligeiro: a classe média brasileira exibia diferenças substantivas em relação aos pobres: tinha carro, cartão de crédito, viajava de avião, financiava imóvel, colocava os filhos nas universidades públicas. Quando pobre passa a ter tudo isso, o incômodo tornou-se indisfarçável, pois as distâncias deixaram de ser telescópicas).

Os terrivelmente outros precisavam habitar uma fronteira radicalmente distinta daquela que delimita meu habitat, precisavam, via discurso, ser adjetivados com os estigmas da inferioridade.

O tio do churrasco: paradigma de uma subjetividade violenta e violadora

Uma operação básica para o desenho das linhas divisórias consiste na sanção de práticas discursivas, pois elas precisam obter ares de normalidade, ganhar propagação de tal sorte que se convertam em discurso circulante, ter pregnância social até atingir o estágio que não choque os ouvidos, corações e mentes.

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A campanha de Bolsonaro conectou-se a ideias arcaicas, enraizadas nas camadas que sedimentaram o pensamento e a vida nacional desde Antanho, convertendo-as em indutoras do debate, ou melhor, das tretas no espaço público. Poeticamente, Mia Couto diz que é sempre o mais antigo que nos governa, sujeito a novas racionalidades.

Não é mera coincidência que fatores estruturais ou globais, como os aqui já citados, somaram-se a fatores socioculturais, de natureza local, para dar uma fisionomia à crise que atravessamos. Categorias como raça, etnia, cor, sexo, religião e classe social foram acionadas para redefinir os sujeitos subalternizados e interditá-los, pela fala, ao direito à existência (“a minoria vai ter que se curvar à maioria, bradou a família Bolsonaro, pai e filhos).

Há quem sintetize a questão com o termo guerras culturais – embate que tem como marco a década de 1980 nos EUA. Para o pesquisador Eduardo Wolf, guerras culturais se sustentam com a combinação “de raça, sexualidade ou comportamento sob o guarda-chuva da religião”.

Aqui, a guerra cultural, se podemos falar nestes termos, não precisou de aparatos institucionais. Bastou ter aderência e afinco do cidadão comum, ou de bem (ou de bens) para se propagar. Sabe a figura do tio do churrasco, considerada um tipo de subjetividade amoral que emitia impropérios nas festas da família, constrangendo a todos? Pois bem, “tá teno” e se tornou  correia de transmissão para manter as discussões relacionadas aos costumes em estado perpetuamente abrasivo.

Essa figura prototípica volta a cena, sem nunca dela ter saído, convertendo-se no ideal cultural da vez. As afirmações sem-cerimônia do tio do churrasco saíram do espaço privado, dos quintais das residências, e passaram a ser divulgadas no amplo território social compartilhado das redes digitais.

Constatamos que esse tipo grosseirão, mas boa praça com os seus, um autêntico cidadão de bem, era figura quase ubíqua: além das nossas famílias, também faz parte da vizinhança, da equipe de trabalho, da turma do clube, do pessoal da academia, do grupo da meditação, está encarnado no crush virtual e emite, em todos os lugares e oportunidades, piadas sexistas com ofensas a mulheres, excetuando a própria mãe, a gays, lésbicas e pessoas trans, contorce-se, de tanto rir, com as anedotas depreciativas sobre negros e nordestinos, soltava opinião, reafirmava crença como se informação fosse: bolsa família é esmola do governo, só serve para alimentar vagabundos, cotas é para quem não tem competência, rouba vaga de quem tem capacidade…).

O que é pior: as opiniões do tio do churrasco ressoavam nas palavras daquele que se tornaria o presidente da República (o então deputado federal fez apologia à tortura, violentou sua colega de casa dizendo que não a estuprava porque ela não merecia, por ser muito feia). Para além de robôs e clustres, que não votam, os tios do churrasco escolheram aquele que espelhava suas visões de mundo na esperança de que realmente a minoria (degenerada, feia, desviante, não cristã, trans, não branca, feminista, intelectualizada) deve se curvar à maioria. Os tios do churrasco, como paradigma, somos quase todos nós.

Bolhas de proteção: cena (in)comunicativa

Os meninos do Vale do Silício parecem saber das coisas muito mais do que podemos imaginar. Ao contrário do que se acreditou nos primórdios da Internet, não foi a informação que se tornou commoditie no universo das redes sociais, mas a opinião e a crença.

Mark Zuckerberg pensou o facebook para que pudéssemos usá-lo mais que nossas escovas dentes, como ele costuma dizer, o projetou para que EUs anônimos, senhores de si, reinassem plenos e absolutos. Parecia saber Zuckerberg que o projeto da modernidade, que tinha na ideia do sujeito racional e autônomo uma de suas pilastras, faliu fragorosamente. Mais do que qualquer teoria, percebeu que os princípios habermasianos da esfera pública, da ação comunicativa baseada na racionalidade tinham sofrido uma brutal erosão.

A ascensão do tio do churrasco como paradigma de uma subjetividade que ganhou a disputa eleitoral só foi possível graças à estratégia de comunicação que substituiu o sujeito pelo indivíduo, que decretou a morte do pensamento.

Mas é preciso ressaltar que as pessoas não estão atomizadas nas redes sociais, conforme lembra o pesquisador em ciência de dados, Fábio Malini, mas organizadas em regime de coassociação, formando grupos de identidades políticas coesas. O ecossistema digital (websites, páginas em redes sociais) criam bolhas ideológicas que se nutrem da desinformação. O chamado kit gay é o emblema da desinformação. De nada adiantaram as provas cabais de que o tal kit não existiu. A essa altura, os EUs indomáveis só queriam informações que validassem as suas crenças, as alucinatórias principalmente, retroalimentadas no subterrâneo da internet.

Os movimentos de vidência: os feminismos negros

Esses traços e tipologias, ao contrário do que 28 de outubro nos fez acreditar, não podem sentar praça em definitivo. Se, de um lado, é preciso reconhecer a derrota, sem ser derrotado, por outro, urgente se faz lutar pela emergência e validação de outras subjetividades. Insistimos: entre escombros e ruínas, é preciso, como diz Hanna Arendt, “treinar a própria imaginação para sair em visita”. Mas, como imaginar um outro Brasil?

Resposta invariável: zerando o jogo, pensando e formulando novas propostas que tragam de volta a Política, com P maiúsculo, para o epicentro de um mundo que se despedaça, evocando o escritor nigeriano Chinua Achebe.

Alerta: recomeçar, laborar formas diferentes e inaugurais, não significa, contudo, flertar com a tábula rasa, retornar ao grau zero. Pelo contrário. Significa, antes, inventariar reflexões, sonhação e práticas que há muito estão elaborando outro mundo. Na escuta de cada época, mulheres negras e todos os habitantes das bordas do sistema vêm propondo outras formas de reconfiguração da política, antevendo as catástrofes que começam arruinando as beiradas: “da beirada se pode ver todo tipo de coisa que não se pode ver do centro. Grandes coisas, inimagináveis, as pessoas na borda veem primeiro” (Vonnegut).

Trata-se, como disse Walter Benjamim, de movimentos de vidência: “nas circunstâncias ordinárias, a maior parte das pessoas acaba por ver, mas quando já é demasiado tarde, quando já se tornou impossível não ver e quando isso não serve mais a nada”.

Sob esse ponto de vista os feminismos negros se tornaram fenômenos de vidência: “parte da sociedade via o que ela continha de intolerável e via também a possibilidade de algo diferente”.  E esse algo diferente foi acolhido pela plataforma do Bem Viver que, inspirada nos povos indígenas, manufatura uma filosofia, um sistema de vida, uma proposta política que recusa, radicalmente, os princípios do capitalismo, da violação da vida e dos direitos.

Contra o receituário de morte de Paulo Guedes, um autêntico Chicago boys (os assim denominados alunos e seguidores da Escola de Chicago), é preciso defender a vida em sua plenitude. Contra os vitupérios à democracia é preciso reafirmá-la de maneira intransigente. Contra os ataques às múltiplas existências, é preciso garantir o direito às formas variadas de ser e estar no mundo.

Historicamente, foram as mulheres negras e os terrivelmente outros que denunciaram o déficit democrático que acompanha a história do Brasil, bem antes das obras de Manuel Castells e Levitsky tornarem-se referências obrigatórias. Foram elas a bradar altivamente contra a hegemonia de um humano (branco, ocidental, cristão, cis, hetero, chamando inclusive a atenção do feminismo branco de que bebia da mesma fonte deste poço hegemônico ao não pluralizar a noção de mulher).

Esta eleição teve inegavelmente caráter plesbicitário. Fomos às urnas para decidir qual paradigma iria orientar a vida institucional nos próximos quatro anos. Foi uma luta entre as luzes do poder e os lampejos dos vaga-lumes (a metáfora dos vaga-lumes foi poeticamente destrinchada pelo crítico de arte Didi-Huberman). A luz intermitente desses pequenos seres resiste, persiste em iluminar o obscurantismo que cobriu o nosso céu.

Uma das avaliações deste nosso momento tormentoso considera que quando não ajustamos as contas com a história, ela volta a nos assombrar. Como a espada de Dâmocles, a ditadura militar retorna, ainda segundo essa visão, colocando em cena a ameaça do auto golpe. Mulheres e homens negros dão consistência a esse argumento enfatizando que a espada que se levanta contra o nosso pescoço tem uma extensão que alcança a escravidão e o patriarcado.

O tio do churrasco e suas variações só estão todos pimpões porque, para além de sancionarem as atrocidades da ditadura militar, legitimam mais uma vez  práticas que nos fazem contemporâneos de nossa escravidão. Os vaga-lumes estão aí para dizer que realmente o buraco é muito mais embaixo e que recua não à casa de 1964, mas àquela em que os embriões do autoritarismo de hoje nasceram e floresceram, cultivando a escravidão como um modo de vida que se queria perene para alguns. 28 de outubro de 2018 nos ensinou que esse tipo de cultivo encontra vasto terreno para continuar a florescer.

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