Sociedade
Coletivos lançam campanha para amparar mulheres que possuem direito ao aborto legal
Um dos casos atendidos é o de uma mulher que teve aborto impedido por ação judicial movida por um padre
Os institutos AzMina e Anis lançaram um fundo para auxiliar mulheres que têm cerceado o direito ao aborto nos casos previstos em lei.
Um dos casos que os coletivos querem amparar é o de Tatielle Gomes, uma mulher que em 2005 foi impedida de realizar um aborto, permitido pela lei, devido a um habeas corpus movido pelo padre Luiz Carlos Lodi da Cruz.
O caso se encerrou no final de agosto deste ano, 15 anos depois. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o padre deve pagar a Tatielle o valor de 398 mil reais por danos morais. O problema é que o religioso já afirmou que não tem dinheiro para pagar sua dívida.
“O Fundo Vivas pretende garantir que ela tenha acesso à indenização o quanto antes e também ajudar outras meninas e mulheres que passam pelo mesmo, prestando assistência jurídica, psicológica e de saúde. Garantir que a tortura dessas mulheres não passe impune”, diz o texto do coletivo.
Tortura em nome de Deus
Tatielle tinha 19 anos quando se submeteu a um ultrassom de rotina e descobriu que o feto tinha uma anomalia, cenário em que se torna permitido realizar um procedimento de aborto no Brasil. Foi quando o padre Luiz obteve habeas corpus e impediu o procedimento quando ela já estava no hospital tomando medicamentos para induzir o aborto.
A jovem foi para casa e passou onze dias agonizando, assistida apenas pelo marido. Voltou ao hospital e deu à luz um feto que morreu em pouco tempo.
Por esse processo de tortura, Tatielle acionou a Justiça contra o padre.
“Queremos levar à justiça os responsáveis por toda a violência que elas e tantas outras meninas e mulheres sofreram. Garantir que essas torturas não passem impunes, que essas vítimas possam ter acesso a seus direitos e curar as feridas que ficam”, dizem os institutos AzMina e Anis.
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