Sociedade

Chargista Angeli anuncia aposentadoria após diagnóstico de afasia

Condição é a mesma que repercutiu recentemente por ter causado interrupção também na carreira do ator americano Bruce Willis

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O chargista Arnaldo Angeli Filho, mais conhecido como Angeli, anunciou sua aposentadoria nesta quarta-feira (20). Angeli foi diagnosticado com afasia, a mesma doença que, recentemente, interrompeu a carreira do ator americano Bruce Willis. Aos 65 anos de idade e 51 de carreira, Angeli se despede da Folha de S.Paulo, jornal onde publicou suas tirinhas por quase cinco décadas. A afasia é resultado de uma lesão cerebral que pode acometer adultos e idosos e afetar a capacidade de expressão verbal e escrita.

“É com tristeza e coragem que a família e os amigos de Angeli comunicam o fim, por questões de saúde, da histórica colaboração entre o autor e a Folha de S. Paulo. Após cinquenta e um anos de carreira, quase cinquenta deles no jornal, é num misto de emoção e tristeza e também orgulho que ele se despede desse espaço que foi, ao longo de décadas, uma janela para que os leitores pudessem observar o talento indescritível de um dos maiores artistas que o Brasil tem”, diz um comunicado, acompanhado de duas charges, publicado na manhã desta quarta nas redes sociais.

“Agora que esta nova etapa se inicia, deixamos aqui um agradecimento especial aos leitores que foram os grandes parceiros de Angeli durante essas cinco décadas. Com eles, seguiremos celebrando a obra de Angeli em novas publicações e exposições. Punk is not dead!”, segue a nota.

Com seu traço punk e personagens inesquecíveis como Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood e Stock, Angeli se destacou como um dos maiores cartunistas brasileiros. Nos anos 1980, fundou a revista Chiclete com Banana, ao lado de outros gênios das tirinhas, com Glauco e Laerte. Embora longe das páginas dos jornais, Angeli não vai parar de desenhar. Segundo Carolina Guaycuru, esposa do cartunista, ele seguirá desenhando “enquanto conseguir”.

“Desenhar é a forma de expressão dele. Isso não se perde. E se ele perder, buscará outras formas de expressão. A arte resiste!”, diz ela, que explica que o traço de Angeli mudou muito nos últimos anos. Não é mais a linguagem das tirinhas. Tornou-se um grafismo mais plástico. É natural que o traço de um artista se transforme ao longo da carreira, mas, nesse caso, também tem a ver com a afasia.

Guaycuru garante que o marido está bem e brinca: “Continua rabugento e antissocial”.

Junto com o editor André Conti, sócio da Todavia, Guaycuru organiza um livro (dividido em dois volumes) que passa em revista toda a obra de Angeli, a ser publicado pela Companhia das Letras. O livro trará cerca de mil trabalhos de Angeli, desde tirinhas publicadas na imprensa até desenhos despretensiosos esboçados enquanto ele falava ao telefone.

“Queremos que o livro seja um passeio por uma carreira de 50 anos. O leitor poderá ver o processo do Angeli, como aquele traço meio sujo dele é resultado de um puta trabalho gráfico”, diz Conti.

“É uma obra muito vasta e dá para ver como o estilo do Angeli foi mudando. Ele nunca foi complacente. Se um personagem fazia muito sucesso, ele matava. Quando quis entender a juventude dos anos 1990, criou personagens inspirados nos amigos dos filhos. Angeli tem uma visão única, é um dos grandes artistas brasileiros, um gênio dos quadrinhos que formou pelotões de leitores e desenhistas”.

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