Sociedade

Catalunha aprova reparação histórica por caça às bruxas e diz que mulheres ainda são perseguidas

Mais de 800 mulheres foram julgadas, torturadas e assassinadas condenadas por “bruxaria” entre os séculos 15 e 18 apenas na região espanhola da Catalunha

O Parlamento catalão aprovou nesta quarta-feira uma resolução de reparação histórica às mulheres mortas durante o período de caça às bruxas. Na gravura, uma mulher é jogada da ponte em cena do período de perseguição às bruxas na Europa © Fondo Antiguo de la Biblioteca de la Universidad de Sevilla
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O projeto aprovado prevê que essas mulheres, que foram “vítimas de uma perseguição misógina”, sejam tema de estudos acadêmicos e tenham seus nomes homenageados em ruas das centenas de cidades da região.

A reparação história destes feminicídios se justifica, segundo os proponentes, por ainda estar conectada à práticas da sociedade atual, que “persegue e marca as mulheres que saem da norma”.

“Antes éramos chamadas de bruxas, agora somos chamadas de ‘feminazis’, ‘histéricas’ ou ‘mal comidas’. Antes, falávamos de caça às bruxas e agora falamos de feminicídios”, afirma Jenn Díaz, parlamentar do Partido Republicano de Esquerda da Catalunha.

A resolução foi aprovada por ampla maioria, com 114 votos a favor e 14 contra.

Mulheres torturadas e queimadas

A prática de caça às bruxas, que durou vários séculos, foi particularmente intensa nesta região da Espanha.

Segundo as pesquisas do historiador Pau Castell, atos contra a “bruxaria” aconteceram na Catalunha a partir de 1471, o que faria desta uma das primeiras regiões da Europa a praticar esta caça misógina, que vitimava apenas mulheres.

Muitas das mulheres executadas à época foram chamadas de bruxas por saberem usar plantas medicinais, por serem viúvas ou viverem sozinhas. “Mulheres dissidentes”, como definiu a parlamentar Aurora Madaula (JXC).

A partir de uma lista com mais de 700 nomes de vítimas deste período, serão feitos estudos sobre suas vidas e mortes trágicas, após a denúncia de vizinhos. O objetivo é conscientizar o público sobre a discriminação e os crimes de gênero, como já acontece em países como a Escócia, a Suíça e a Noruega.

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