Sociedade

Castigos, exorcismos e denúncias: quem são os Arautos do Evangelho

Vaticano intervém na organização, controversa célula da Igreja Católica no Brasil derivada da TFP e criada em 1997

Damasceno, arcebispo de Aparecida, será o “guia” dos Arautos
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Ao andar alguns quilômetros pela estrada que liga São Paulo à Serra da Cantareira, um arremedo de castelo se destaca na vizinhança pobre da região. Quem entra na catedral — erguida em um insólito estilo neogótico — se depara com um interior coloridíssimo e repleto de referências medievais. Ao lado, em um prédio igualmente suntuoso, fica um seminário. Moças e moços impúberes circulam de um lado a outro sob pesadas túnicas marrons.

O castelo incrustado na mata pertence aos Arautos do Evangelho, uma associação católica nascida do cisma entre a alta cúpula da Tradição, Família e Propriedade. É o pano de fundo de uma história que envolve pais seduzidos pela chance de oferecer aos filhos, de graça, uma sólida formação escolar católica. Para muitas famílias, o enredo desse conto de fadas neomedieval se transformou, no entanto, em um pesadelo que envolve acusações de maus-tratos, alienação parental e abusos de toda a sorte levadas ao Ministério Público. Foram encaminhadas à procuradoria paulista, até agora, 47 denúncias. Quatro delas de abuso sexual. O escândalo não passou despercebido no Vaticano. Escaldado pela proliferação de “seitas” estranhas aos princípios católicos, o papa Francisco nomeou o cardeal Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, como interventor da ordem.

Os casos envolvem de castigos físicos e manipulação psicológica a exorcismo praticado em menores de idade e uma morte – a instituição nega e atribui as denúncias à “perseguição religiosa” encampada por “um grupo pequeno e localizado”. Nas últimas semanas, CartaCapital conversou com ex-arautos de várias cidades do Brasil. Em comum, a constatação de que a vida sob os desígnios da comunidade era dura demais, extremamente vigiada e cercada de mistérios e controvérsias que afastavam os internos do contato com o mundo exterior. Segundo Cleber*, paulistano de 33 anos que integrou por mais de dez anos os Arautos, as denúncias não surpreendem. “Existem pessoas muito boas lá, mas a mentalidade que eles cultivam é naturalmente destrutiva.” 

Os Arautos do Evangelho surgiram em 1997, poucos anos após a morte de Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP. Sob o papado de Bento XVI, a organização vicejou. Em 2005, nasceram o ramo das virgens consagradas e o ramo sacerdotal fundados por João Sconamiglio Clá ainda como leigo. O dote divinal de Plinio Corrêa, acreditam os fiéis, foi transmitido a Clá, seu secretário por mais de duas décadas. Em 2009, o papa alemão concedeu aprovação pontifícia às duas entidades e deu a Clá o título de Monsenhor. Os Arautos mantêm atualmente cerca de 2 mil alunos na Cantareira e em outros “castelos” espalhados pelo Brasil e outros países. Quase 80 pontos do planeta têm ao menos um religioso associado ao grupo. 

Para os Arautos, água de pia, retratos e restos mortais viraram itens de culto e adoração (material cedido a CartaCapital)

A corretora de imóveis Patrícia Sampaio é uma das mães que procuraram o Ministério Público. O filho foi recrutado aos 11 anos, em uma escola pública em Brasília. No início, as crianças frequentam as sedes nos fins de semana. Depois, passam a pernoitar. Após alguns meses de proximidade entre a família e os religiosos, o garoto se mudou para o castelo da Cantareira. Conforme rareava o contato entre mãe e filho, a relação da família com os Arautos avinagrou. “A promessa era passar 30 dias em casa nas férias, mas isso nunca aconteceu. Sempre que vinha a Brasília meu filho tinha outras atividades.” Sampaio passou a estranhar a adoração desmedida aos fundadores da ordem. Conseguiu tirar o garoto da escola no ano passado, mas o processo de readaptação foi difícil e envolveu apoio profissional. “É quase como tratar um viciado em drogas. Tem revolta, abstinência, ameaças de fuga. Foi preciso tirar a santidade de João Clá da cabecinha dele.”

Fotos de João Clá, Plínio Côrrea e de sua mãe, Dona Lucília, enfeitavam os quartos do internos. A interna Livia Natsue, que morreu sob circunstâncias controversas, também é santificada (material cedido a CartaCapital)

O dia a dia de um arauto é regido sob regras cabais de um livreto, o ordo de costumes. Ordena-se ali desde o modo de sentar, falar e vestir à dobradura dos guardanapos. É proibido comer fora dos horários, ou conversar e trocar olhares durante as refeições. Também há um passo a passo detalhado de como se despir e vestir, de modo que os arautos não olhem os próprios corpos nus. O pijama, aliás, é composto de camisa, cinto e calça social. João Clá resume essa visão em uma das páginas do livro: “Devemos visar sempre o mais sacral, o mais puro, o mais belo, o mais nobre, o mais santo!”

Fotos do fundador da ordem, aliás, ilustram vários dos capítulos do ordo, paredes e escrivaninhas dos internos. Não só: os jovens e adolescentes adoram pequenas medalhinhas, as relíquias, que guardam fotos e, às vezes, pêlos, fios de cabelo e sangue de Clá, Plinio e D. Lucília, mãe do criador da TFP. Uma jovem ouvida pela reportagem chegou a receber do superiores água supostamente retirada do lavabo do monsenhor.

As chamadas relíquias dadas pelos Arautos incluem sangue e cabelos (material cedido a CartaCapital)

O movimento para afastar os internos do contato com o mundo exterior, relatam os ex-arautos, tinha sua própria novilíngua. Todos esperam e oram pela vinda da bagarre, um fim do mundo depois do qual só se salvariam os integrantes da instituição. Os não arautos eram denominados ‘filhos das trevas’. As mulheres, divididas em dois tipos: “fassuras”, as bonitas, e “tipas”, de aparência comum. Outro apelido digno de nota era dedicado à família, chamada à boca pequena de Fonte da Minha Revolução. Os Arautos negam, porém, que esse  tipo de nomenclatura fosse incentivado pela cúpula da instituição.

João Clá, segundo relatos, mantinha uma relação próxima com a ordem feminina. A atenção era considerada uma “graça especial”, particularmente entre as meninas. Havia os chamados ósculos sacrais, beijos no rosto dados pelo monsenhor em integrantes selecionadas. Várias jovens que passaram pelos castelos consideravam impróprios os avanços, e relatam ter sido beijadas na boca. “Desde o primeiro dia, na maioria das vezes em que eu o vi fui beijada e tocada inapropriadamente. Quando ele parava de te beijar ou tocar, você pensava que havia feito algo errado”, relatou uma jovem canadense hoje com 27 anos, frequentadora da instituição por dez, cujo relato foi incluído recentemente no inquérito do Ministério Público. “Há quantas fotos do papa beijando a testa de crianças? Se isso é algo que se possa imputar como crime, é uma ilação insustentável, é até ridículo afirmar isso”, contesta o padre Alex de Brito, ex-líder interino da instituição. A ordenação de mulheres é uma das razões da cizânia entre os herdeiros do espólio de Plinio Corrêa. Em quase 60 anos de história, a TFP, que convocou os militares a tomarem o poder no Brasil e fez campanha contra o divórcio, nunca aceitou mulheres em suas fileiras.

A capixaba Amanda Merotto, de 25 anos, entrou para o ordem aos 12 e completou a maioridade ainda na instituição. Passou por São Paulo e pelo Rio de Janeiro. Apesar de querer ficar, foi convidada a sair por “problemas de relacionamento” com outras internas. O retorno à vida em sociedade não foi fácil. Ela passou três meses com o uniforme em casa. Demorou outros três para retomar os estudos. “Ficou muito defasada minha aprendizagem, principalmente em História, porque tudo passava pela visão deles. Ciências então, nem se fala. Saí de lá com muitas dúvidas”. Nas páginas que falavam de anatomia humana, relata, as genitálias eram sempre censuradas. Também não havia à época acesso livre à internet ou à tevê, literatura ou jornais. “Todas as notícias nos eram repassadas pelo João Clá.”

CartaCapital teve acesso a algumas apostilas, recheadas de fotos de D. Lucília, Plínio e Clá. No capítulo de um volume de História sobre a colonização portuguesa, é oferecido em complemento ao texto oficial o “pensamento pliniano” sobre o período. Em ciências, um capítulo sobre as aves diz que Deus as criou para “encher os ares”. Uma denúncia sobre o material didático dos Arautos foi levado à Secretaria de Educação do estado em março deste ano, que ainda não conclui a apuração. 

Aos 13 anos, Merotto participou de uma cerimônia secreta, o chamado capítulo, que marca a transição na hierarquia dos Arautos. Os “capitulados” ficam deitados, com o rosto rente ao chão, enquanto os demais gritam ofensas e acusações. A expiação pode durar mais de dez horas. Mesmo sem serem integrantes oficiais dos Arautos, menores participam do intenso ritual. A respeito, o padre Alex afirmou tratar-se de uma versão “de faltas” do capítulo, sem valor sacerdotal, com voluntários, maiores de idade. Não é o que mostram as fotos e vídeos obtidos pela reportagem. A despeito da liberdade religiosa, maltratar, ferir o direito à educação, ao convívio familiar e à integridade física de menores continua a ser crime no Brasil. 

Sem qualquer vínculo sacerdotal com os Arautos, menores de idade foram flagrados em sessões de exorcismo e rituais reservados em tese apenas aos adultos da instituição (material cedido a CartaCapital)

O faturamento médio mensal estimado da organização, segundo ex-arautos, aproxima-se dos 10 milhões de reais. Oficialmente, existem quatro sociedades sem fins lucrativos ligadas à instituição, a começar pela Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima, fundada por Clá em 1997. Essa entidade envia a caixas postais de todo o Brasil um envelope dourado com um boleto e um terço ou medalhinha benzido. Os Arautos do Evangelho não são citados no material. O padre Lourenço Ferronato, por exemplo, é apresentado como “assistente espiritual”, e os templos como “belas igrejas em estilo gótico”. 

Outras três instituições registradas nos anos seguintes completam o grupo: a Associação Brasileira Arautos do Evangelho, iniciada em agosto de 2000, a Associação Católica Rainha das Virgens, de março de 2007, e a Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli, que passou a existir em novembro de 2007, além de editoras. Cada uma possui uma centena de filiais espalhadas pelo País. Há duas ramificações menos visíveis, que também enchem os cofres dos Arautos, segundo ex-integrantes: a Associação Cultural e Artística Nossa Senhora das Graças e a Associação Maria Regina Cordium. Ambas atuam na distribuição de brindes benzidos e são administradas por colaboradores fervorosos. Segundo Carlos*, que trabalhou até 2014 no setor financeiro, o mailing dos arautos enviava material de todas as associações, o que poderia levar fiéis a doar duas ou três vezes. O padre Alex de Brito sustenta, porém, que ambas as instituições são “parceiras” eventuais, sem ligação formal com a ramificação religiosa. Também foi inaugurada, como sociedade privada gerida por terceiros, uma escola infantil. 

Pais e ex-integrantes denunciam maus-tratos, alienação parental e abusos sexuais e psicológicos

As táticas de sedução variam conforme o alvo. Os doadores mais frutíferos da mala direta eram, mais tarde, abordados pessoalmente. Os jovens visitavam esses lugares, em geral, em duplas. Cleber* lembra que chegava a ficar até 12 horas nas ruas e tinha metas semanais a cumprir. Uma delas era converter as doações esporádicas em contribuição mensal por débito automático. “Se o velhinho tinha 20 reais, são esses 20 reais que vão levá-lo para o céu. A meta era conseguir o dinheiro custe o que custar.” Com os chamados grandes doadores, o discurso era um pouco diferente. Envolvia jantares, visitas privadas, presentes e lugares privilegiados na missa. No livro de  ouro de doadores constavam parentes do apresentador Faustão e a ex-primeira-dama de São Paulo Lu Alckmin. Um rapaz, de uma família influente no Nordeste, chegou a participar de encontros com figurões da política graças ao sobrenome. “Só eu de jovem fui, porque era parente”, lembra ele, que pediu anonimato por temer represálias. 

De escola infantil a mala direta, o grupo cresce e se ramifica pelo Brasil e pelo mundo

Há dois anos, dissidentes fizeram chegar ao jornalista Andrea Tornielli um vídeo no qual um seguidor de Clá, alegadamente possuído pelo demônio, diz que o papa tem parte com o tinhoso. Ainda naquela ocasião, ele profetizou que Francisco morreria e em seu lugar assumiria o ultraconservador Franc Rodé, cardeal que reconhecera em 2009 as sociedades de vida apostólica do Arautos. Os registros foram levados ao Vaticanos. Diz o demônio, ou melhor, o arauto: “Ele vai escorregar e vai cair. Vai bater a cabeça. Mas ainda falta um pouco. Vai ser no Vaticano. E virá outro papa, Rodé. E será bom”. Também veio a público um vídeo de uma adolescente exorcisada, a gritos e tapas, pelo fundador da ordem. Sob acusações de violação ao direito autoral, os Arautos conseguiram tirar ambos os vídeos de circulação. À época, o Vaticano solicitou uma análise minuciosa da governança e do estilo de vida da comunidade. Clá renunciou. No fim do mês passado, a Santa Sé nomeou Damasceno como interventor, incumbido de, nas palavra oficiais, “guiar” a associação. 

As denúncias não passaram despercebidas no vaticano,  que monitora o grupo desde 2017

Para sobreviver, os Arautos têm peleado com todas as armas. Ao menos três denunciantes foram alvos de queixas criminais. Outra dezena foi notificada extrajudicialmente por comentários desairosos a respeito da instituição nas redes sociais. A ordem tentou ainda censurar previamente, sem sucesso, uma reportagem publicada em setembro pela IstoÉ. Na internet, pipocaram sites e páginas pró-Arautos que associam palavras-chave como “exorcismo” e “seita” ao nome do meio de comunicação. A tática serve para o conteúdo aparecer nas buscas do Google antes das reportagens negativas. Apoiadores foram conclamados a testemunhar em favor dos Arautos em vídeos divulgados nas redes sociais. Brito conversou com esta repórter em duas ocasiões. Na primeira, em maio do ano passado, falou como presidente interino da instituição. Mais recentemente, como “conselheiro espiritual”.

Intelectuais e insiders que acompanham o catolicismo associam a intervenção de Francisco como parte das medidas para mudar a cara da Igreja Católica. Desde que assumiu o papado, Bergoglio tem se esforçado para imprimir seu estilo pastoral, mais aberto e inclusivo em assuntos como imigração, mudanças climáticas , sexualidade, economia e diálogo inter-religioso. “Desde a renúncia de Bento XVI, essa possibilidade se agravou e a disputa ficou mais explícita”, afirma Rodrigo Coppe Caldeira, pesquisador da PUC Minas. No mês passado, o Vaticano consagrou 13 novos cardeais. Em 2018, o papa colocou sob intervenção uma organização peruana chamada Sodalício de Vida Cristã, eivada por denúncias de abuso físico, sexual e psicológico contra menores. Quatro anos antes, derrubou um bispo paraguaio da Opus Dei por proteger um padre pedófilo. O Vaticano guardava desde os anos 1940 documentos sobre a pedofilia do fundador da instituição, Marcial Maciel, punido apenas em 2006. E seu papado concedeu perdão ao Legionários de Cristo. A organização foi reformulada. 

A sede na Serra da Cantareira foi idealizada por João Clá, ex-secretário de Plinio Corrêa de Oliveira

Nos anos 2000, Clá incentivou os Arautos a formar seus próprios padres. Esse sectarismo, na visão de alguns ex-integrantes, contribuiu para a popularização de rituais estranhos à Igreja. O mando de Dom Damasceno é visto como um caminho para manter as qualidades e corrigir os desvios da instituição. Temem que uma posição mais rígida sirva para isolar ainda mais os Arautos, especialmente os menores de idade devotos do fundador. Os denunciantes querem, no entanto, que os internatos sejam fechados. 

Dois anos antes de vir a público as imagens que custaram o cargo a Clá, os Arautos desembolsaram 16,7 milhões por um terreno, também na região da Cantareira, onde o fundador da ordem sonhava em construir uma “cidade” na qual todos esperariam unidos pela chegada da bagarre. O projeto não saiu do papel. As sociedades de vida apostólicas devem pobreza, castidade e obediência. Não é exatamente a realidade dos Arautos. Além das sedes suntuosas, a “teologia” de Clá valoriza os bons modos e a beleza terrena. As cores vivas servem para que os fiéis, ao ingressarem nos templos, sejam tomados pela esperança de enxergar o céu na terra. Aos internos, indicam as fartas denúncias, resta o mais profundo e escuro inferno.

* Os nomes foram alterados para proteger as fontes

[ERRAMOS: Ao contrário do informado, as menções ao Papa Francisco durante uma sessão de exorcismo não foram proferidas por João Clá, e sim por um seguidor. A matéria foi atualizada no dia 11 de dezembro]

Direito de resposta reivindicado pela Associação Arautos do Evangelho do Brasil:

A informação publicada pela CartaCapital de que o Mons. João Clá estaria possuído pelo demônio, é falsa e
agride a Instituição na medida em que afirma que seu fundador esteve possuído pelo demônio. Também é falsa a
alegação de que Mons. João Clá teria dito que o Papa tem parte com o demônio e que morreria.
O evento citado pela revista se trata de um vídeo onde o Mons. João Clá está ouvindo passivamente a leitura de
um relato de um suposto exorcismo. Nesta ocasião todos os presentes riem do que está sendo relatado.
Portanto, o ato de CartaCapital consistiu em mudar completamente o que realmente aconteceu, transformando
um ouvinte em um declarante.

Desta forma, a CartaCapital alterou um fato e o transformou em uma notícia falsa, conduta que consideramos
gravíssima e que fere o bom jornalismo.

A distorção causada pela Carta Capital altera a realidade do que está registrado em vídeo e induz o leitor a
acreditar em algo que não ocorreu para prejudicar a imagem da instituição Arautos do Evangelho.

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