Câmara cria comissão para acompanhar investigação sobre caso João Alberto

'A repetição de casos brutais como o de João Alberto não podem passar despercebidos pela sociedade', afirmou deputado

Pichação em Carrefour após protestos pela morte de João Alberto (Foto: Guilherme BITTAR / AFP)

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A Câmara dos Deputados criou uma comissão externa para acompanhar a investigação da morte de João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte por seguranças em uma loja da rede Carrefour, em Porto Alegre (RS).

 

 

A comissão é coordenada pelo deputado Damião Feliciano (PDT-PB), que propôs sua criação no último dia 20, um dia depois do assassinato. Benedita da Silva (PT-RJ), Bira do Pindaré (PSB-MA), Silvia Cristina (PDT-RO), Áurea Carolina (PSOL-MG) e Orlando Silva (PCdoB-SP) também integram a comissão.

“A violência contra pessoas negras, a repetição de casos brutais como o de João Alberto, não podem passar despercebidos pela sociedade, pelas autoridades e pelos políticos brasileiros. Convém mencionar que a tortura e a morte de pessoas negras revelam o racismo estrutural existente no Brasil, que tornou a execução de negros por agentes públicos e privados um mero acontecimento cotidiano”, disse o deputado.


Segundo o deputado, o estado permanente de vulnerabilização dos negros no país possui estreita relação com a ineficácia das políticas públicas de segurança, os índices irrisórios de elucidação e punição dos crimes e o baixo investimento em policiamento menos violento e mais preventivo.

O Ministério Público Federal (MPF) chegou a instaurar um inquérito para apurar as medidas contra a discriminação racial adotadas por supermercados, shoppings, bancos e pela Polícia Federal.

Serão convidadas a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), para discutir ações contra o racismo junto a representantes de organizações do movimento negro.

 

Delegada negou intenção racista no crime

A delegada responsável pela investigação da morte de João Alberto, Roberta Bertoldo, afirmou na sexta-feira 20 que o episódio não se tratava de racismo e que as investigações não seguiam esse caminho.

“Até este momento, não deslumbramos nada de cunho racial. Não temos nenhum indicativo por essa motivação”, afirmou em entrevista ao Estadão.

Bertoldo recebeu na última sexta médicos legistas para oficializar as causas da morte de João Alberto. “O maior indicativo da necropsia é de que ele foi morto por asfixia, pois ele ficou no chão enquanto os dois seguranças pressionavam e comprimiam o corpo de João Alberto, dificultando a respiração dele. Ele não conseguia mais fazer o movimento para respirar”, declarou a delegada.

 

*Com informações da Agência Câmara de Notícias

 

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