Quatro brigadistas voluntários que atuam na região de Alter do Chão, no Pará, foram presos nesta terça-feira 26 após a Polícia Civil do Estado emitir mandados de prisão preventiva contra eles. As investigações fazem parte da Operação Fogo de Sairé, que apura as causas dos incêndios na região em setembro, e acusam os quatro homens de terem colocado intencionalmente fogo na região para conseguirem arrecadar doações para o combate ao incêndio.
Além dos quatro mandados judiciais de prisão preventiva, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais ligados a outra organizações não-governamentais (ONG’s), como a sede do Projeto Saúde e Alegria, em Santarém.
Funcionários que estavam no local no momento da chegada da polícia relatam que não havia um pedido judicial de busca e apreensão, e que os agentes focaram em recolher computadores, HD’s e servidores sem prestar esclarecimentos sobre o inquérito.
Segundo a agência de notícias do estado do Pará, as suspeitas da polícia foram suscitadas porque os integrantes da Brigada de Alter do Chão tinham “informações e imagens privilegiadas dos focos de incêndio” na região. Em setembro, os voluntários auxiliaram policiais e bombeiros no controle do fogo. De acordo com o delegado José Humberto Melo Jr., foram mais de dois meses de investigação até haver “indícios suficientes de autoria e materialidade” para pedir as prisões preventivas.
Em nota, a Brigadistas de Alter do Chão afirma que os voluntários ” já haviam sido ouvidos na Delegacia de Polícia Civil e colaborado de forma efetiva no Inquérito após o incêndio de setembro que eles ajudaram a combater”.
“Desde 2018 a Brigada de Alter tem atuado no apoio ao combate a incêndios florestais. […] Eles têm, desde então, se empenhado diariamente em proteger a Área de Proteção Ambiental de Alter do Chão, em paralelo às suas atividades
profissionais e pessoais – sempre ao lado do Corpo de Bombeiros”, afirma a organização, que acrescenta que os brigadistas estão “em choque”.
O Projeto Saúde e Alegria informou que ainda não foram informados sobre qual inquérito estão sendo investigados, mas que estão “colaborando com as investigações”.
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