Sociedade

Brasileiro doa mais de R$ 5 bilhões ao ano para ONGs

Apesar do valor elevado, apenas 9% das pessoas no País são doadoras

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Por Marcelo Pellegrini e Paloma Rodrigues


Um estudo divulgado na quinta-feira 4 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que o brasileiro doa, em média, 5,2 bilhões de reais ao ano para organizações da sociedade civil (OSCs). Embora a soma seja elevada, a participação da sociedade ainda é baixa, cerca de 9%, e predominantemente voltada diretamente para pessoas (80%). Uma das razões, segundo Athayde Motta, diretor executivo do Fundo Baobá para Equidade Racial, é a baixa visibilidade das ONG’s. “Sem o hábito de se comunicar diretamente com a sociedade brasileira para mostrar os impactos positivos de seu trabalho e mobilizar seu apoio, as ONGs brasileiras, com raras exceções, tornaram-se invisíveis.”

As doações saem do bolso das classes A e B, responsáveis por quase 40% do total. O valor médio anual é de 388,00 reais, cerca de 21,00 mensais vindo das mulheres e 31,00, dos homens.

Este cenário tende, no entanto, a mudar. Nos últimos dez anos, o Brasil tem experimentado o fortalecimento e a consolidação da classe C como o maior segmento socioeconômico do País.

Muito do potencial da classe C deve-se a uma lembrança recente de situações econômicas instáveis, que a aproximam das causas de direitos e justiça social. “As pesquisas mostram que apesar da população mais escolarizada e com maior renda ser responsável pelo maior volume de doações, proporcionalmente à renda a Classe C é a que mais doa”, diz Patrícia Mendonça, coordenadora do estudo.

Outro entrave ao fortalecimento das ONGs é a burocracia que impede seu amadurecimento, fruto da ausência de um conjunto de regras e organizações voltadas ao apoio das OSCs, o que Motta chama de “arquitetura de ajuda”. “Essa estrutura eficiente protege as ONGs das acusações de malversação de recursos que tem origem mais política do que financeira. Elimina entraves burocráticos ao seu funcionamento, facilita a prestação de contas e estimula o apoio de indivíduos e empresas”. No cenário atual, as são OSCs são um tipo específico de organização que não existe legalmente no Brasil.

Direito de minorias

As associações de luta pelo direito de minorias foram as que mais cresceram na década de 90, aumentando em 254%, seguidas de uma queda nos anos 2000. Segundo Patricia, o movimento se explica devido ao contexto da época, imediatamente após a abertura democrática que permitiu a muitas organizações se constituírem formalmente sem sofrer perseguições. “Após este boom, o ritmo de crescimento cai em praticamente todas as categorias, não apenas no campo da defesa de direitos.”

Atualmente, há 290 mil fundações e associações sem fins lucrativos (último levantamento da Fasfil do IBGE). Desde grupo, 42 mil são voltadas à defesa de direitos, foco da pesquisa.

Os modelos de contagem não somam o crowdfunding, grupos de financiamento coletivo. A pesquisadora explica que o modelo é muito recente e não há dados suficientes sistematizados sobre ele. Os sites e iniciativas que se utilizam do recurso o fazem de maneira descentralizada, um obstáculo para a pesquisa e o mapeamento.

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