Sociedade
Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, indica o IBGE
Pesquisa revela que barreiras como a evasão escolar e a falta de espaço no mercado de trabalho são ainda maiores para esta parcela da população


O Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, segundo novo relatório feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. O estudo foi feito com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua e considera pessoas com idade igual ou superior a 2 anos.
Esse número representa 8,9% da população brasileira. Das 18,6 milhões de pessoas com deficiência, mais da metade são mulheres, com 10,7 milhões, o que representa 10% da população feminina no País.
O Nordeste foi a região com o maior percentual de população com deficiência registrada no último anoM com 5,8 milhões de registros – o equivalente a 10,3% do total. Na região Sul, o percentual foi de 8,8%. No Centro-Oeste, 8,6% e, no Norte, 8,4%. A região Sudeste foi a que teve o menor percentual, com 8,2%.
Em relação à cor autodeclarada, o percentual de pessoas com deficiência dentro da população preta foi de 9,5%, enquanto entre pardos é 8,9% e brancos 8,7%.
Acesso ao trabalho, educação e à renda
Os dados da PNAD mostram que as pessoas com deficiência estão menos inseridas no mercado de trabalho, nas escolas – e, por consequência, tem acesso a renda mais dificultado. Em 2022, a taxa de analfabetismo para pessoas com deficiência foi de 19,5%, contra 4,1% das pessoas sem deficiência.
Mais de 10% das crianças de 6 a 14 anos com deficiência não frequentam o ensino fundamental, em comparação a 6% dos jovens sem deficiência. O número é ainda pior ao analisar a faixa etária entre 11 e 14 anos: apenas 71% das pessoas com deficiência frequentam o ensino fundamental, uma evasão de 33,7%.
Ao todo, apenas uma em cada quatro pessoas com deficiência concluiu o Ensino Básico obrigatório. 63,3% das pessoas com deficiência com 25 anos ou mais possuem o fundamental incompleto e 11,1% possuem o médio incompleto.
Segundo o IBGE, 26,6% das pessoas com deficiência encontram espaço no mercado de trabalho. O nível de ocupação para o resto da população é de 60,7%. Cerca de 55% das pessoas com deficiência que trabalham estão em situação de informalidade.
A região com a maior taxa de ocupação entre a população com deficiência é o Centro-Oeste com 33,3%. O norte desponta em segundo lugar com 32,7%, enquanto no Sul e no sudeste as taxas de ocupação são de 27,3% e de 26%.
O Nordeste, apensar de ser a região com o maior percentual de pessoas com deficiência, amarga com a menor taxa de ocupação: 23,7% da população.
O rendimento médio real também diferente entre pessoas com deficiência e sem: para o primeiro grupo, a renda foi de R$ 1.860, enquanto o segundo chegou a R$ 2.690, uma diferença de 30%.
Os dados não podem ser comparados com as edições anteriores, de 2013 e 2019, por mudanças na metodologia.
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