Sempre comparei minha filosofia com a atividade do escultor. Este tem de retirar da pedra, do metal ou do barro o que não é útil e trabalhar apenas com o que é essencial. Nas lutas, vale o mesmo princípio. Para ser eficiente é preciso eliminar as firulas e usar apenas os golpes mais diretos e certeiros. O ideal é atuar como um Rodin (realista, impressionista) e deixar seus oponentes como Aleijadinhos (barroco, rococó).
Por trás dos meus chutes e pontapés havia um bocado de flexão e reflexão. Foi a partir delas que criei o Jeet Kune Do (que em cantonês quer dizer “impressione um ocidental com esse nome estranho e composto”). Eu percebi que as técnicas de artes marciais estabelecidas eram muito rígidas e formais. E, mais, nenhuma delas era autossuficiente em uma situação de luta real. Então desenvolvi o JKD, que nada mais é do que a síntese de vários estilos: boxe, esgrima, luta livre, jiu-jítsu, judô, tae kwon do, wing chun, chachachá e macarena. É o estilo sem estilo, cuja ideia central é: se funcionar, tá valendo. O Jeet Kune Do é o verdadeiro vale-tudo. É o que prega a liberdade de expressão. Até o do Tim Maia tem mais cláusulas de exceção.
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