Sociedade
Bicheiro Rogério de Andrade é preso no Rio
Denúncia do Gaeco/MP-RJ aponta o contraventor como mandante da morte de Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade, e um dos herdeiros do jogo ilegal no Rio
O bicheiro Rogério de Andrade foi preso, na manhã desta terça-feira 29, em uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Ele foi preso após ter sido denunciado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ).
A denúncia que levou o bicheiro à prisão trata do assassinato de Fernando Iggnácio, genro do bicheiro Castor de Andrade, em 2020. Iggnácio foi morto a tiros em uma emboscada. A morte teria relação com a disputa pelo espólio de Castor.
Iggnácio, Rogério de Andrade e Paulo de Andrade – filho de Castor – teriam dividido a herança e controle dos negócios do bicheiro, em 1997, após a morte do contraventor. Um ano depois, Paulo foi morto. Iggnácio e Rogério seguiram uma disputa violenta pelo território, que teria culminado, segundo a denúncia, no assassinato em 2020. Antes, a disputa teria causado mais de 50 mortes, segundo os investigadores.
Rogério também é investigado como um dos possíveis responsáveis pela morte de Paulo de Andrade. Ele também já havia sido citado, em 2021, como mandante do assassinato de Iggnácio. O caso, porém, ao chegar no Supremo Tribunal Federal (STF), em 2022, foi interrompido por falta de provas.
Os mandados cumprido nesta terça foram expedidos pela 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri. Rogério foi encontrado e preso em uma residência de luxo na Barra da Tijuca. Gilmar Eneas Lisboa é outro preso nesta operação. Lisboa teria monitorado os passos de Iggnácio para a emboscada.
“Por meio de novo Procedimento Investigatório Criminal (PIC), o GAECO/MPRJ identificou não só sucessivas execuções protagonizadas pela disputa entre os contraventores Fernando Iggnácio e Rogério de Andrade, mas também a participação de uma outra pessoa no homicídio de Fernando. De acordo com a denúncia do GAECO/MPRJ, Gilmar Eneas Lisboa foi o responsável por monitorar a vítima até o momento do crime”, diz o MP em nota.
A prisão de Rogério de Andrade ocorre poucos meses após o STF determinar a retirada da tornozeleira eletrônica do bicheiro. Ele usava o equipamento de monitoramento desde 2022, após ter sido alvo da Operação Calígula, que mirava a atuação de milicianos e expansão territorial do jogo do bicho por meio de violência. O fim do monitoramento eletrônico foi determinado pelo ministro Kassio Nunes Marques.
Ronnie Lessa, responsável pela morte de Marielle Franco, era um dos integrantes desse grupo criminoso que formava o entorno do bicheiro.
Atualmente, Rogério de Andrade é considerado o maior bicheiro do Rio e é patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
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