Sociedade

Ex-presos políticos farão debates nas bibliotecas de SP

De 8 a 25 de maio, militantes e presos políticos da época comandarão rodas de conversas em toda cidade.

Apoie Siga-nos no

As bibliotecas públicas municipais de São Paulo receberão, durante todo o mês de maio, militantes e ex-presos políticos da ditadura brasileira em rodas de conversa se espalharão por toda a cidade. O projeto “A Luta é Contínua” vem inspirado pela  Lei de Acesso à Informação e pela criação da Comissão Nacional da Verdade, que comemoram um ano agora em maio. “Precisamos repensar a importância da biblioteca pública. Quanto mais equipamentos culturais entrarem na discussão, mais a gente potencializa o debate e ele entra na sociedade civil”, diz a curadora do projeto, Valdirene Gomes, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

O projeto está sendo articulado há quase um ano e conseguiu reunir nomes como Alípio Freire, jornalista, poeta e presidente do Núcleo de Preservação da Memória Política e Waldemar Rossi, encabeçador das chapas de oposição metalúrgica nos anos de 1967, 1972 e 1981 e orador na recepção ao Papa João Paulo II no comício do Estádio do Morumbi, em 1980, quando denunciou as torturas praticadas na Ditadura brasileira.

De hoje até dia 25 de maio acontecerão debates programados para levantar dois temas principais dentro do contexto da Comissão da Verdade: no dia 18, na Biblioteca Viriato Corrêa acontece Discutindo o Golpe de 1964: o que foi isso? e no dia 25, o debate aborda o cenário político atual, com o tema Pós-ditadura: qual democracia.

Pra falar sobre ditadura, cultura e sociedade civil teríamos muitas possibilidades, mas nos centramos em dois assuntos que são fundamentais para compreender a sociedade atual. Uma é discutir o que foi o golpe de 64 e outra é pensar como seríamos hoje se não tivéssemos passado pelo golpe de 64?”, diz a curadora.

O grande objetivo do projeto é levar o cidadão a pensar a sociedade que ele deseja. “O próprio nome já diz: a luta é continua. Para o aprimoramento da democracia a luta precisa ser constante. Qual o papel da cultura dentro da sociedade que queremos?”, questiona ela. “A ideia é que os debates dêem continuidade para essa reflexão”.

O projeto também apresentará uma mostra de cinema, com filmes nacionais e estrangeiros que trazem a temática da repressão. Os filmes selecionados e a programação completa da mostra podem ser conferidos neste link.

Abaixo a parte da programação. A programação completa pode ser vista no site da prefeitura de São Paulo.

Alípio Freire
Jornalista, poeta e presidente do Núcleo de Preservação da Memória Política, foi militante da Ala Vermelha entre 1967 e 1983 e esteve preso de 1969 a 1974. 
Dia 8 de maio às 19h – Biblioteca Luiz Gama – Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes
Dia 13 de maio às 15h – Biblioteca Pedro Nava
Dia 14 de maio às 14h – Biblioteca Brito Broca

Anízio Batista
Torneiro Vertical e filósofo. Encabeçador da chapa de 1978 da Oposição Metalúrgica. Membro da Pastoral Operária. Foi Deputado Estadual entre 1983 e 1986. 
Dia 10 de maio às 14h – Biblioteca Castro Alves
Dia 15 de maio às 14h – Biblioteca Affonso Taunay

Antonio Barros (Toninho 3/8) e José Batista de Miranda (Batistinha)
Toninho é metalúrgico, preso na greve de Osasco em 68 e  anistiado Político. Batistinha é militar anistiado, membro da Chapa da Oposição Metalúrgica de Osasco em 1978 e Membro do Fórum de ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo.
Dia 13 de maio às 10h – Biblioteca Thales Castanho de Andrade

Carmem e Stanislaw Szermeta
Carmem é metalúrgica e licenciada em Matemática. Membro da Comissão de Fábrica da Sharp e da CIPA da Wapsa. Stanislaw é preso e anistiado político, presidente da Associação de Anistiados Políticos – ANAP.
Dia 10 de maio às 14h – Biblioteca Marcos Rey

Célia Rossi
Membro da Juventude Operária Católica, da Pastoral Operária e do Movimento de Saúde da Zona Leste.
Dia 14 de maio às 15h – Biblioteca Paulo Setúbal

Cícero de Crato
Metalúrgico, membro da Associação dos Trabalhadores do Tatuapé e participante do Grupo Arribação, que gravou o CD “Santo Dias”. 
Dia 14 de maio às 14h – Biblioteca Sérgio Buarque de Holanda

Cloves de Castro
Metalúrgico, preso político anistiado e militante da Oposição Sindical Metalúrgica-SP. 
Dia 9 de maio às 14h – Biblioteca Amadeu Amaral

Geraldo Ferreira
Metalúrgico, inspetor-traçador, físico formado pela PUC e professor universitário. Membro da Comissão de Fábrica da ASAMA. Membro da chapa de oposição metalúrgica em 1984 e 1987. 
Dia 9 de maio às 14h – Biblioteca Ricardo Ramos

Iara Prado
Formada em História com pós-graduação em História Social pela USP, foi secretária da Educação Fundamental do MEC. Foi militante da organização política VAR PALMARES, que era composta, na sua grande maioria, por militantes jovens que lutavam contra a ditadura. Em 1970 foi presa em Porto Alegre e transferida para a Operação Bandeirantes. 
Dia 8 de maio às 15h – Biblioteca Alceu Amoroso Lima
Dia 15 de maio às 14h30 – Biblioteca Camila Cerqueira César

Maria Amélia Teles (Amelinha)
Feminista e defensora dos direitos das mulheres, foi presa política, fundou um programa de proteção à mulher e integra a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Integra a Comissão Estadual da Verdade de SP. 
Dia 15 de maio às 14h30 – Praça Mário Chamie – Centro Cultural São Paulo

Reinaldo Morano Filho
Bacharel em direito, médico especialista em saúde pública, psiquiatra e psicanalista. Em 1969, foi presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina da USP e aderiu à Ação Libertadora Nacional (ALN). Vítima da repressão, ficou preso durante 6 anos e meio.
Dia 10 de maio às 14h – Biblioteca Érico Veríssimo
Dia 14 de maio às 10h – Biblioteca Milton Santos
Dia 17 de maio às 15h – Biblioteca Cassiano Ricardo

Rita Sipahi
É advogada, servidora municipal aposentada e conselheira da Comissão da Anisita. Foi dirigente da UNE, militante da Juventude Universitária Católica e participou da estruturação da Ação Popular no Ceará. Durante a ditadura emigrou para São Paulo e Rio de Janeiro, foi sequestrada e presa pelas forças da repressão. Foi condenada pela Justiça Militar de São Paulo. Após a ditadura seguiu atuando junto a movimentos sociais.
Dia 13 de maio às 14h – Biblioteca Anne Frank

Salvador Pires
Metalúrgico, torneiro mecânico,.anistiado político. É presidente da Frente Nacional dos Trabalhadores, membro do Movimento Justiça e Não-Violência durante a Ditadura Militar. 
Dia 10 de maio às 14h30 – Biblioteca Vicente de Carvalho

Waldemar Rossi
Preso político, encabeçador das chapas de oposição metalúrgica nos anos de 1967, 1972 e 1981. Coordenação da Pastoral Operária. Membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de SP. Orador, em nome dos trabalhadores brasileiros, na recepção ao Papa João Paulo II no comício do Estádio do Morumbi, em 1980, quando denunciou as torturas praticadas na Ditadura.
Dia 9 de maio às 14h – Biblioteca Jovina Rocha Álvares Pessoa
Dia 16 de maio às 14h30 – Biblioteca Aureliano Leite

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar