Sociedade

Barbosa critica ausência de negros e tendência à direita da mídia

Em evento na Costa Rica, o presidente do STF disse haver uma “fraca diversidade política e ideológica na imprensa brasileira”

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Em discurso realizado na sexta-feira 3, durante um evento sobre liberdade de imprensa organizado pela Unesco em San José (Costa Rica), o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, criticou o que chamou de falta de “pluralismo” e “fraca diversidade política e ideológica” da imprensa brasileira. Segundo o magistrado, a mídia nacional é dominada por três principais jornais nacionais impressos, “todos mais ou menos inclinados para a direita no campo das ideias”.

A falta de pluralidade, de acordo com Barbosa, revela-se sobretudo na ausência de negros em posições de liderança nos grupos de mídia. Ele lembrou que os mulatos e negros representam mais de 50% da população brasileira, mas quase não são observados nas redações e tevês. “É quase como se eles não existissem no mercado de ideias”, discursou Barbosa, em inglês.

No mesmo evento, o presidente do STF disse que um dos principais fatores da impunidade no País é o tratamento desigual da Justiça entre negros e brancos. Segundo ele, há diferença na condução de ações envolvendo pessoas com maior poder aquisitivo, com dinheiro para pagar bons advogados, e aquelas relacionadas aos  “pobres, negros e pessoas sem conexões”.

“As pessoas são tratadas de forma diferente de acordo com seu status, sua cor de pele e o dinheiro que têm. Tudo isso tem um papel enorme no sistema judicial e especialmente na impunidade”, disse Barbosa.

Segundo o ministro, no país prevalece uma proximidade antiética entre advogados poderosos e juízes, o que acaba desequilibrando a prestação de Justiça. “Essa pessoa poderosa pode contratar um advogado poderoso com conexões no Judiciário, que pode ter contatos com juízes, sem nenhum controle do Ministério Público ou da sociedade. E depois vêm as decisões surpreendentes: uma pessoa acusada de cometer um crime é deixada em liberdade.”

Ainda assim, afirmou, o Judiciário brasileiro é “confiável, forte e independente do Legislativo e do Executivo”. “Os juízes são respeitados pela maioria das pessoas.”

O presidente do Supremo também justificou a demora da resposta do Judiciário brasileiro devido ao complexo sistema recursal do país, que admite até quatro instâncias para analisar a mesma questão. Ele também falou dos problemas da prerrogativa de foro, que permite aos políticos e determinadas autoridades serem julgados por tribunais superiores, e não pela Justiça de primeiro grau.


Com informações da Agência Brasil

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