Sociedade

Avó de presidente da OAB: morte após 45 anos de buscas por respostas

Bolsonaro declarou nesta segunda conhecer a razão da morte de Fernando Santa Cruz, desaparecido político na ditadura

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Dona Elzita Santa Cruz faleceu aos 105 anos, em 25 de junho. A mãe de Fernando Santa Cruz, estudante desaparecido durante a Ditadura Militar e avó de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, passou 45 anos em busca de respostas para a morte do filho em 1974.

Um mês após a morte de dona Elzita, o presidente Jair Bolsonaro declarou no Facebook, nesta segunda-feira 29, conhecer a razão de como Santa Cruz teria morrido. O ex-capitão, que cortava o cabelo no vídeo, sugere que o estudante de Direito teria sido assassinado pelo próprio grupo da qual faria parte, a Ação Popular de Recife, negando o envolvimento de militares no caso.

A morte de dona Elzita foi noticiada em diversos jornais e recebeu homenagens pela persistência na luta por respostas.

Em 2009, ela participou da campanha “Memórias Reveladas”, uma série de vídeos exibidos em rede nacional relatando histórias de familiares que perderam entes queridos na ditadura. O projeto foi encabeçado pelo Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985), órgão do governo federal.

Ao final do vídeo, é dito que ainda existiam desaparecidos políticos no Brasil. O governo fornecia um serviço do Arquivo Nacional para quem tivesse informações que pudessem ajudar a encontrá-los.

Na live de Bolsonaro, o presidente afirma que a Ação Popular desconfiava de Santa Cruz e, portanto, o assassinou. “A esquerda quando desconfiava de alguém, executava”, completou.

O presidente contou versão da história após criticar atuação da OAB no caso de Adélio Bispo, autor do atentado da qual foi vítima durante campanha eleitoral em 2018. “Ele [Felipe Santa Cruz] não vai querer ouvir a verdade [sobre a morte do pai]. Eu conto para ele”, atacou Bolsonaro pela manhã.

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