Burnout: reconhecimento pela OMS pode levar a ações contra empresas e suas metas inatingíveis

Estima-se que 30% da população brasileira e 4% da mundial padecem com a doença ocupacional

Carol Milters criou um grupo de apoio online para os trabalhadores acometidos pela moléstia laboral – Imagem: Arquivo pessoal e iStockphoto

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“Eu e a empresa crescemos muito e muito rapidamente. Assumi um nível de responsabilidade bastante elevado para a minha idade, formação e experiência, um ritmo extremamente acelerado de trabalho, sempre atendendo todo mundo, resolvendo problemas e achando que ainda não estava fazendo o suficiente. Sem pausas, fui acumulando infecções e inflamações intestinais e respiratórias. Senti uma dor no peito por um ano. Tive crises de ansiedade em hotéis, aeroportos, dirigindo, voltando de cliente. Comecei a sentir que nada do que fazia tinha sentido, de que eu estar ali, ou não, não fazia diferença. Tive uma depressão que me isolou da minha própria equipe, e o CEO, em vez de perguntar como eu estava, me repreendeu por não estar mais presente com o time.”

O relato acima é da publicitária Carol Milters, que, em 2015, se desligou da sociedade que tinha com a empresa por não conseguir mais continuar com o ritmo de trabalho extenuante que levava. Dois anos mais tarde, já morando na Holanda, onde vive até hoje, teve um segundo episódio de exaustão laboral e foi diagnosticada com Síndrome de Burnout, uma enfermidade que, a partir deste mês, foi incluída na classificação internacional de doença pela Organização Mundial da Saúde, com direito, inclusive, a um número do Código Internacional de Doenças (CID). Depois do esgotamento decorrente do trabalho, Milters debruçou-se a estudar o tema e atualmente é uma das coordenadoras do Burnoutados Anônimos, um grupo de apoio online com encontros mensais, reunindo pessoas de vários ­países. É ainda autora do livro Minhas Páginas ­Matinais: Crônicas da Síndrome de ­Burnout, publicado em português e em inglês e presente em mais de 15 países, onde relata sua experiência com a doença.

ESTIMA-SE QUE 30% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E 4% DA MUNDIAL PADECEM COM A DOENÇA OCUPACIONAL

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