Uma associação privada vinculada ao Exército, a Poupex, que atua no setor de financiamentos imobiliários para militares e é administrada por uma fundação ligada às Forças Armadas, realizou pagamentos para familiares do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército. As informações foram divulgadas pelo portal UOL nesta sexta-feira 8.
De acordo com a publicação, constam na lista de pagamento da associação os nomes de Ana Paula Leandro de Oliveira Mourão, mulher do ex-vice-presidente; de Ticiana Haas Villas Bôas e Marina Carvalho Villas Bôas, filha e sobrinha, respectivamente, do ex-comandante do Exército.
A prática de contratar parentes de militares de alta patente para trabalhar na associação já foi considerada como nepotismo pelo Tribunal de Contas da União (TCU), através de um relatório elaborado em maio deste ano.
“Os dados analisados permitem concluir que se encontram presentes fortes indícios de que a existência de relação laboral com o Exército, com o MD (Ministério da Defesa) ou com as demais Forças ou de parentesco com membros do conselho de administração, da diretoria e com militares do Exército são fatores possivelmente relevantes para se determinar o êxito na tentativa de se conseguir emprego na Poupex”, aponta um trecho do relatório do TCU, revelado pelo jornal Folha de S. Paulo no final de agosto.
Em relação aos nomes citados na matéria, Ana Paula Mourão foi contratada pela Poupex em 2016, segundo documento interno. Já Ticiana Villas Bôas foi contratada pela associação em 2017, ano em que o pai era comandante do Exército. Marina Villas Bôas, por sua vez, ingressou na Poupex em 2016. Atualmente, ela atua como analista júnior.
Associação nega irregularidades
A Poupex negou que haja irregularidades nas contratações das parentes de generais de alta patente. A associação alegou que a acusação de nepotismo não tem sustentação, uma vez que se trata de entidade privada.
“Todos os funcionários da instituição são contratados por meio de processo seletivo e têm capacidade técnica para ocupar os cargos que exercem”, afirmou a Poupex. Os demais citados na denúncia – inclusive, o Exército – não comentaram o caso.
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