Sociedade

Apresentadora questiona contratação de goleiro Bruno: “Isso é moral?”

Jornalista da TV Bahia criticou contratação do ex-goleiro Bruno pelo Fluminense de Feira de Santana. Time disse que já chegou a acordo

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O comentário de uma jornalista da TV Bahia, afiliada da Rede Globo, viralizou nas redes sociais. A apresentadora do jornal Bahia Meio Dia, Jéssica Senra, criticou a possibilidade de contratação do goleiro Bruno pelo Fluminense de Feira de Santana e questionou a moralidade da ação.

“Uma pessoa que cometeu um erro e já pagou por ele em termos judiciais precisa poder refazer sua vida e, legalmente, não há nenhum impedimento para que ela exerça qualquer profissão para a qual esteja habilitada. Mas, no caso do feminicida Bruno, eu quero questionar você, isso é moral?”, indagou a apresentadora.

“Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes tenham a possibilidade de refazer suas vidas. Mas diante de um crime tão bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o feminicida Bruno voltasse à posição de ídolo? Que mensagem mandaríamos à sociedade? Atletas são referências para crianças, adultos. Contratar para um time de futebol um assassino, um homem que mandou matar a mão do seu filho, esquartejar, dar o corpo pros cachorros comerem é um desrespeito. É um desrespeito a todas nós mulheres. É um desrespeito a todas as crianças e adultos que cresceram sem mães por causa de homens desprezíveis que tiraram a vida de mulheres. É um desrespeito a toda a sociedade de um País onde 12 mulheres são mortas todos os dias. E mais, colabora com a ideia de que matar mulheres é permitido”, emendou a jornalista.

Na segunda-feira 6, movimento em defesa dos direitos das mulheres – Mulheres do MNU-BA/Seção de Feira de Santana, MOMDEC – Movimento de Mulheres em Defesa da Cidadania e a Rede de Mulheres Negras da Bahia soltaram uma nota de repúdio contra a possível contratação. “Registramos nosso repúdio a contratação do goleiro Bruno Fernandes, de 35 anos, que foi condenado pelo assassinato da modelo Elizia Samúdio em 2010. Vale lembrar que ele só não foi julgado também por ocultação de cadáver porque este crime expirou antes de ir a juízo. Ou seja, embora a morte tenha sido provada e ele condenado, até agora, os familiares da Elizia ainda não tiveram o direito de saber o que foi feito seu corpo”, diz um trecho do texto.

Os movimentos questionam a postura do presidente do clube, o deputado estadual Pastor Tom e pedem respeito diante os números de feminicídio no Brasil e no Nordeste. “Ao ser indagado sobre a repercussão negativa da contratação o presidente do Clube o Deputado Estadual Pastor Tom teve a pachorra de dizer que: se dentro de campo ele atender, se vestir a camisa do Fluminense com respeito e dedicação não via nenhum problema em tê-lo entre os contratados da agremiação. Tal declaração do atual dirigente é, no mínimo, uma falta de respeito não somente às mulheres de Feira de Santana, mas também aos homens que se respeitam e se juntam a nós contra o feminícidio”.

Os grupos ainda citaram dados trazidos pelo primeiro relatório da Rede de Observatório com dados levantados entre junho e outubro de 2019, considerando cinco estados do nordeste dentre eles a Bahia. Apenas nesses meses, 518 crimes contra a mulher foram registrados nos estados pesquisados. Destes 39% se enquadram na categoria de feminicídio, 42% correspondem à tentativa de feminicídio ou agressões físicas e 15% agressões sexuais. “Esperamos que o Touro do Sertão não manche sua bonita história em defesa do esporte afrontando as mulheres de Feira de Santana ao nos impor tão ofensiva contratação”.

No entanto, segundo informações divulgadas pelo Bahia Notícias, o Fluminense de Feira já chegou a um acordo com o goleiro Bruno. A contratação depende da Justiça autorizar a transferência de presídio do jogador, de 35 anos, que cumpre pena na cidade Varginha (MG). O presidente do Touro do Serão, o deputado estadual Pastor Tom (PSL), afirmou que o martelo deve ser batido nos próximos dias.

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