Esporte

Após publicação sobre tiros em Lula, Wallace obtém liminar no STJD para voltar a jogar

Jogador de vôlei com histórico bolsonarista, ele havia sido suspenso após estimular violência contra o presidente

Foto: Sada Cruzeiro Vôlei
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O jogador de vôlei Wallace de Souza, atleta do Cruzeiro, obteve nesta quarta-feira 12 uma medida liminar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva a liberar sua participação nas finais da Superliga, que começam no próximo sábado 15. 

A decisão do STJD reverteu, provisoriamente, a suspensão de 90 dias que o Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil impôs a Wallace, depois de o jogador promover uma enquete nas redes sociais sugerindo ato de violência contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na decisão, o presidente em exercício do STJD do Vôlei, Eduardo Affonso de Santis Mendes de Farias Mello, acolheu o pedido da defesa de Wallace, afirmando que a decisão do COB “deixou dúvidas acerca da punição no âmbito das competições nacionais”. 

“Não vejo como afirmar que a participação do atleta por uma equipe, em competição organizada pela CBV, poderia ser entendida como função junto à Confederação, até porque seu vínculo é diretamente com o Clube”, afirmou Mello.

Por se tratar de uma medida liminar, o mérito da questão ainda será analisado pelo colegiado do STJD. Ao comentar a decisão, a defesa do jogador, por meio do advogado Leonardo Andreotti, afirmou que a ordem “restabelece a legalidade no caso”.

Entenda o caso

Em 30 de janeiro, Wallace publicou, em seu perfil no Instagram, fotos em um clube de tiro. Em seguida, abriu uma enquete para que seus seguidores revelassem as suas armas de preferência. Um usuário questionou se Wallace atiraria contra o presidente Lula. Como resposta, o jogador criou uma nova enquete, perguntando se algum seguidor tomaria a atitude, indicando, inclusive, o uso de uma arma calibre 12.

A postagem foi interpretada como um estímulo à violência contra Lula. A Confederação Brasileira de Vôlei, em seguida, emitiu uma nota de repúdio. A Advocacia-Geral da União chegou a ser acionada.

Wallace tem um histórico de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), manifestado em várias oportunidades nos últimos anos.

Após a postagem de janeiro, o COB decidiu suspender Wallace até maio de todas as atividades relacionadas à CBV e às federações estaduais, bem como impedir que o jogador represente a seleção brasileira até fevereiro de 2024. Em decisão unânime, ele foi condenado por “ato antiético de promover e incitar a violência por meio da internet e das redes sociais”. Desde então, ele está afastado de jogos oficiais.

Na manhã desta quarta-feira 12, a ministra dos Esportes, Ana Moser, ex-jogadora de vôlei, tratou do tema em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Ela questionou: “Como blindar o esporte da prática discriminatória e do discurso de ódio?”.

Referindo-se a Wallace e ao também ex-jogador da seleção brasileira de vôlei Maurício Souza – afastado por declarações homofóbicas e, atualmente, deputado federal pelo PL -, Moser defendeu a necessidade de estimular a diversidade e a democratização do esporte, como forma de promover uma educação cidadã.

O caso Wallace não é o primeiro a envolver atletas brasileiros de vôlei e o contexto político do País. Em setembro de 2020, a atleta de vôlei de praia Carol Soldberg, ao receber uma medalha em etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, gritou “fora, Bolsonaro”. Ela foi advertida pela própria CBV e pelo STJD, e o caso gerou repercussão. Em novembro do mesmo ano, ela foi absolvida pela Corte desportiva.  

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