Política

Após ordem de bloqueio, Telegram pede desculpas ao STF e diz que nomeará representante no Brasil

O diretor-executivo do aplicativo disse se comprometer com ‘uma estrutura para reagir a futuras questões urgentes como esta de maneira acelerada’

Após ordem de bloqueio, Telegram pede desculpas ao STF e diz que nomeará representante no Brasil
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Redes sociais. Foto: iStock
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O diretor-executivo do Telegram, Pavel Durov, se manifestou nesta sexta-feira 18 sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes de bloquear o acesso ao aplicativo no Brasil. O empresário alegou um “problema com e-mails entre nossos endereços corporativos e o STF”.

“Em nome de nossa equipe, peço desculpas ao Supremo Tribunal Federal por nossa negligência. Definitivamente, poderíamos ter feito um trabalho melhor”, prosseguiu Durov.

“Como dezenas de milhões de brasileiros contam com o Telegram para se comunicar com familiares, amigos e colegas, peço ao Tribunal que considere adiar sua decisão por alguns dias, a seu critério, para nos permitir remediar a situação nomeando um representante no Brasil e estabelecendo uma estrutura para reagir a futuras questões urgentes como esta de maneira acelerada.”

Pavel Durov ainda argumentou ter sugerido ao STF o envio de e-mails “para um endereço dedicado”, mas supõe que a resposta “deve ter sido perdida, porque o Tribunal utilizou o antigo endereço de e-mail de uso geral em outras tentativas de entrar em contato conosco”. As explicações foram publicadas no canal oficial do empresário na plataforma.

Conforme decisão divulgada nesta sexta, Alexandre de Moraes acolheu um pedido da Polícia Federal e determinou que plataformas digitais e provedores de internet impeçam a utilização do Telegram no País. O magistrado havia ameaçado, no final de fevereiro, suspender o aplicativo caso três perfis ligados ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos não fossem bloqueados.

Segundo o magistrado, “o desrespeito à legislação brasileira e o reiterado descumprimento de inúmeras decisões judiciais pelo Telegram, – empresa que opera no território brasileiro, sem indicar seu representante – inclusive emanadas do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – é circunstância completamente incompatível com a ordem constitucional vigente, além de contrariar expressamente dispositivo legal”.

O Telegram é de origem russa e tem sede em Dubai. A empresa tem se negado a estabelecer cooperação com as autoridades brasileiras para conter ataques à democracia e ameaças ao processo eleitoral de 2022.

O aplicativo é uma das principais fontes de preocupação do Tribunal Superior Eleitoral para o pleito deste ano. Diante da falta de colaboração, já havia, no Ministério Público Federal e na Justiça Eleitoral, um movimento que buscava bloquear o aplicativo no País.

Sem se submeter às leis brasileiras e ignorando pedidos de moderação, o Telegram virou abrigo de extremistas. Bolsonaristas foragidos e banidos de outras plataformas, como o Facebook e YouTube, encontraram na rede uma forma de continuar a mobilizar apoiadores.

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