Política

Após cobrança da Defensoria, PM tira do ar post que chama adolescente morto no Rio de ‘criminoso’

Para o órgão, houve ‘violação aos Direitos da Personalidade’ de Thiago Flausino, de 13 anos

Após cobrança da Defensoria, PM tira do ar post que chama adolescente morto no Rio de ‘criminoso’
Após cobrança da Defensoria, PM tira do ar post que chama adolescente morto no Rio de ‘criminoso’
O adolescente Thiago Flausino, de 13 anos, morto na madrugada da segunda 7 na Cidade de Deus. Foto: Reprodução
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A Polícia Militar do Rio de Janeiro removeu nesta terça-feira 8 uma postagem nas redes sociais na qual criminalizava o adolescente Thiago Flausino, de 13 anos, morto na madrugada da segunda 7 na Cidade de Deus, zona norte da capital fluminense.

A mensagem, que foi ao ar pouco antes das 6h de segunda, dizia que “um criminoso ficou ferido ao entrar em confronto” com a polícia.

A exclusão do post só ocorreu após cobrança da Defensoria Pública. Para o órgão, houve “violação aos Direitos da Personalidade do adolescente Thiago, bem como de sua mãe”.

A Defensoria também pediu que a PM deixe de reprimir ostensivamente as manifestações pacíficas promovidas após a morte do menino.

Thiago Menezes Flausino foi baleado por volta de 0h40, na Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, principal via da Cidade de Deus. O corpo do jovem foi enterrado na tarde desta terça no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá.

“Thiago era apenas um adolescente que perdeu a vida precocemente e de forma trágica. Mais uma vítima que entra para a estatística”, lamentou Priscila Flausino, mãe do adolescente.

“O Thiaguinho estava passeando de moto com um amigo, saindo da Cidade de Deus, que foi abordada já a tiro. Um tiro pegou na perna, o Thiaguinho caiu, aí a gente tem um trechinho da imagem, que vê o Thiago no chão, ainda vivo, e o policial acaba de executar ele”, detalhou Hamilton Bezerra Flausino, tio da vítima.

Familiares sustentam que o jovem foi executado por policiais e acusam os agentes de forjar a cena. Dizem, ainda, que a PM adulterou o registro de uma câmera de segurança, a fim de apagar parte da ação.

A polícia já apresentou diferentes versões. Após a publicação da mensagem nas redes, chegou a dizer que “os opositores passaram a efetuar diversos disparos contra a guarnição policial, que reagiu”. A terceira versão dá conta de que um dos ocupantes da moto “realizou disparos de arma de fogo na direção dos policiais e houve um confronto”.

Em nota divulgada nesta terça, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania afirmou se solidarizar com a família de Thiago Flausino, “que teve a sua vida interrompida durante uma operação da Polícia Militar, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no último domingo”.

A pasta informou ainda que uma reunião extraordinária do Conselho Nacional dos Direitos da Crianca e do Adolescente, a pedido do ministro Silvio Almeida, buscou estratégias para enfrentar a violência contra crianças e adolescentes.

O Conanda publicará nesta quarta-feira uma resolução com medidas e recomendações para evitar as ocorrências de letalidade policial.

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