Sociedade

Após ameaças, presidente da SaferNet deixa o Brasil e se refugia na Alemanha

Em outubro, Tavares participou de um painel sobre desinformação e campanhas de ódio durante o II Seminário Internacional do TSE

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O fundador e presidente da organização de defesa dos direitos humanos na internet (SaferNet Brasi), Thiago Tavarez, deixou o Brasil e se refugiou em Berlim, na Alemanha, após ter seu computador invadido pelo programa espião Pegasus e receber ameaças de morte. 

A informação foi divulgada na segunda-feira 6 em nota oficial da instituição enviada a funcionários e colaboradores. 

A SafeNet é conhecida pela sua atuação no combate à pedofilia online e no combate à desinformação, principalmente naquelas relativas às eleições. 

Em outubro, Tavares participou de um painel sobre desinformação e campanhas de ódio durante o II Seminário Internacional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sua fala no evento abordou temas como interferência eleitoral e neonazismo no País. Desde então, ele relata ter sofrido “seguidas ameaças, inclusive de morte”, em razão de sua atuação profissional e acadêmica no Brasil.

Segundo a nota, os ataques ganharam outra dimensão em novembro, quando um funcionário da organização foi abordado de forma violenta por quatro criminosos armados e sofreu um sequestro relâmpago. Os sequestradores roubaram seu celular e laptop, além de empregarem violência de teor LGBTfóbico. Segundo a SaferNet, Tavares estava a apenas 800 metros do local onde aconteceu a abordagem.

Em dezembro, a organização coletou evidências de comprometimento do laptop de Thiago Tavares pelo “malware” Pegasus, utilizado mundo afora para espionar jornalistas e ativistas de direitos humanos de forma ilegal.

“A proximidade dos fatos, somado às ameaças que já vinha recebendo, não deixou alternativa a Thiago Tavares a não ser deixar o país, temporariamente, até que as circunstâncias dos fatos sejam totalmente esclarecidas e sejam restabelecidas as condições de segurança pessoal para o desempenho de suas atividades profissionais e acadêmicas no Brasil, seja como defensor dos direitos humanos, seja como especialista em tecnologia”, diz a nota.

Pegasus no Brasil

Em maio, o vereador Carlos Bolsonaro atuou para intermediar a contratação do sistema para o Ministério da Justiça. 

O objetivo do filho do presidente Jair Bolsonaro era usar a ferramenta para espionar o próprio governo. O Pegasus alimentaria com informações externas a Abin. 

No entanto, após o vazamento para a imprensa da informação, o grupo israelense se retirou da licitação de contratação aberta pela Pasta. 

Na semana passada, a emprega fornecedora do dispositivo limitou a venda da tecnologia à certos países, entre eles, Calcalist, México, Marrocos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

(Com informações da Agência Estado)

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