Após 2° turno, professora universitária se recusa a dar aulas para alunos ‘de esquerda’

Docente do programa de doutorado na Universidade Federal do Amapá excluiu dois alunos da sua linha de pesquisa por conta de discordâncias políticas

Apoie Siga-nos no

Uma professora do curso de farmácia da Universidade Federal do Amapá (Unifap) desistiu de orientar dois estudantes, sob a justificativa deles serem “esquerdistas”. 

Sheylla Susan Almeida informou os alunos da decisão na quarta-feira 2, após o segundo turno das eleições. A reitoria informou que vai investigar o caso como assédio.

“Procurem outro professor para orientar vcs [sic]. Amanhã estarei entregando a carta de desistência da orientação de vcs. Não quero esquerdistas no laboratório. Portanto, sigam a vida de vcs. E que Deus os abençoe”, escreveu no grupo com os orientandos. “Se tiver mais algum esquerdista, que faça o favor de pedir desligamento. Ou estão comigo, ou contra mim [sic].”

Os estudantes são Débora Arraes, professora na Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e o professor Líbio Tapajós Mota. Ambos já iniciaram as tratativas em busca de um novo orientador. 

Em entrevista ao G1, ele se disse pego de surpresa pela decisão da professora a ocasião. “Nunca tivemos nenhuma tipo de desentendimento, nem pessoal, nem de cunho político-partidário. Antes desse episódio de ontem, ela mandou dois áudios dizendo que ela sentia muito ódio de mim e que era pra eu me manter afastado dela. No segundo áudio ela dizia, que no dia seguinte ia preparar a carta de devolução de entrega da orientação, da desistência da orientação. Isso aconteceu logo após o primeiro turno das eleições, mas eu não dei atenção para essas mensagens”.

Apesar da nota da universidade que irá investigar o caso, não houve menção de nenhuma medida judicial em torno do ocorrido. 


Em suas redes sociais, a docente fez uma retratação pública aos ex-orientandos e disse que “se excedeu”.

 

Leia na íntegra:

Eu, Sheila Susan, professora efetiva do Curso de Farmácia da Unifap, venho manifestar acerca dos fatos ocorridos em um grupo de WhatsApp que envolve dois alunos, meus orientados.

De início, cabe esclarecer que sou ser humano como qualquer outra pessoa capaz reproduzir sentimentos instantâneos.

Dessa forma, no calor das eleições, acabei me excedendo nas palavras onde disse para dois alunos que procurassem outro Orientador.

No entanto, minha missão como professora não acolhe esse tipo de conduta, posto que dediquei a minha vida pela educação.

Não serve preferência política, por razões pessoais, para segregar alunos e deixa-los a própria sorte.

Meus alunos são as peças mais importantes do binômio Aluno/Professor.

Assim, assumo que me excedi nas palavras e peço desculpas pelo ocorrido, as eleições passam e a educação fica!

Peço desculpas aos meus Alunos Líbio e Débora, à sociedade, bem como à Unifap.

 


Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.