Cultura

Aos 93 anos, morre José Ramos Tinhorão, um dos maiores historiadores da música brasileira

Pesquisador era crítico sobre a influência norte-americana na produção musical do País

José Ramos Tinhorão, pesquisador e crítico da música brasileira. Foto: Reprodução/IMS
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Um dos mais respeitados historiadores sobre a música popular brasileira, José Ramos Tinhorão faleceu aos 93 anos. A causa não foi informada. Segundo a Editora 34, que publicava seus livros, o escritor estava internado com pneumonia há dois meses e tinha a saúde combalida pela idade e por um AVC que sofreu há três anos.

Pesquisador minucioso e de orientação marxista, Tinhorão era um dos principais críticos sobre a influência dos ritmos estadunidenses na música brasileira, especialmente o jazz norte-americano na Bossa Nova. No seu livro Música Popular: um tema em debate (1966), o primeiro de sua carreira como escritor, investigou a presença da música norte-americana como um fator para o afastamento da música brasileira de suas origens populares.

Tinhorão também escreveu sobre uma série de ritmos brasileiros. No livro Pequena História da Música Popular segundo seus gêneros (1974), versou sobre 20 estilos musicais que abarcam cerca de 150 anos, como o samba, o choro, a música sertaneja e o baião. Na obra, apurou sobre as referências de gêneros musicais brasileiros com as características locais. Ao todo, o escritor escreveu mais de 25 títulos, publicados no Brasil e em Portugal.

Ao longo do tempo, o pesquisador alvejou grandes nomes de artistas brasileiros. Em uma de suas mais recentes aparições públicas, na Feira Literária Internacional de Paraty, em 2015, as críticas continuavam na ponta da língua.

“Eu tenho uma pena do Tom Jobim, porque eu acho que ele era uma excelente pessoa. Mas ele tinha um equívoco fundamental: achava que compunha música brasileira”, brincou, em debate com o crítico Hermínio Bello de Carvalho.

Tinhorão nasceu em Santos, no estado de São Paulo, em 1928, e foi criado no Rio de Janeiro, onde morou até 1968. De lá, foi morar na capital paulista. Como jornalista, passou pelos veículos Diário CariocaJornal do Brasil, TV Excelsior, TV Globo, Rádio Nacional e Veja. Em sua trajetória, reuniu um acervo de discos, partituras, periódicos, livros e fotos, posteriormente cedidos ao Instituto Moreira Salles.

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