Sociedade

Alvo de campanha de ódio, família de garoto trans tem a casa apedrejada na Bahia

Os ataques começaram após a família do menino reivindicar o direito de ser chamado pelo nome social na escola em que frequenta, conforme estabelece a lei

Alvo de campanha de ódio, família de garoto trans tem a casa apedrejada na Bahia
Alvo de campanha de ódio, família de garoto trans tem a casa apedrejada na Bahia
Casa de menino transgênero de 12 anos teve a janela quebrada a pedradas em Poções, na Bahia — Foto: Arquivo pessoal
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A casa de uma criança trans de 12 anos foi alvo de apedrejamento por pelo menos quatro vezes na última semana, em Poções, interior da Bahia. 

Os ataques começaram após a família do menino reivindicar o direito de ser chamado pelo nome social na escola em que frequenta, conforme estabelece o decreto 8.727/2016.

Além do apedrejamento, a família tem sido constantemente ameaçada. Em outras duas oportunidades, pessoas gritaram ofensas contra à criança na porta da residência da família. 

“Algumas vezes passaram aqui e falaram para meu filho sair “para ver se ele é homem mesmo”. Outros passam e gritam “veado”. No ataque mais grave eles quebraram minha janela com uma pedrada”, afirmou a mãe.

Segundo informações repassadas pela escola municipal, o estudante precisaria de uma ordem da prefeitura para que se cumprisse a regulamentação.

Diante da dificuldade, a mãe da criança procurou a vereadora Larissa Laranjeiras (PCdoB) que propôs um PL para que as pessoas transgênero sejam chamadas pelos nomes sociais nas escolas. 

O andamento do projeto foi barrado por vereadores, incitados por um pastor evangélico. 

O Ministério Público Estadual está acompanhando o caso e já notificou a Secretaria Municipal de Educação “para que o órgão informe, no prazo de dez dias úteis, quais medidas estão sendo adotadas para a proteção do adolescente e se já expediu alguma orientação às escolas quanto à adoção do nome social dos estudantes”.

O órgão investiga uma possível relação entre o pastor evangélico e os atos de ódio à criança. No entanto, a mãe do menino acredita que o ódio plantado pelo pastor contaminou pessoas que já estavam dispostas a odiar. 

Os ataques contra o garoto se configuram em crime de racismo por transfobia, reconhecido pelo STF em 2019. 

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