Sociedade
Agentes da PFR alegam que morte de Genivaldo por asfixia foi uma ‘fatalidade’
Em documento, os policiais afirmam que a morte está ‘desvinculada da ação policial legítima’
Os agentes da Polícia Rodoviária Federal responsáveis pela abordagem que levou à morte de Genivaldo Jesus Santos, em Sergipe, consideraram o desfecho da ação uma ‘fatalidade, desvinculada da ação policial legítima’, conforme comunicação da ocorrência policial.
No documento, os policiais alegam uma suposta ‘desobediência’ ao longo da abordagem, que, segundo apontam, foi motivada pelo fato de Genivaldo guiar sua motocicleta sem capacete.
Os policiais citam que Genivaldo teria desobedecido ‘comandos de segurança’ como descer da moto, levantar a camiseta, colocar as mãos na cabeça e abrir as pernas. ‘Agravando-se pelo fato de que o abordado, a todo momento, passava as mãos pela linha de cintura e pelos bolsos.’
“Diante disso, a equipe necessitou utilizar técnicas de imobilização, sem êxito, evoluindo para o uso das tecnologias de menor potencial ofensivo, com uso de espargidor de pimenta e gás lacrimogênio, únicas disponíveis no momento.”
Os PRFs alegam ainda que Genivaldo estava ‘plenamente consciente’ antes de a viatura partir para a delegacia de Polícia Civil e teria começado a passar mal no trajeto.
O documento de ocorrência policial foi lavrado pelos PRFs Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William De Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas, que se apresentaram como a ‘equipe de motopoliciamento tático que efetuava policiamento e fiscalização’ em Umbaúba.
Na quinta-feira, a Polícia Rodoviária Federal informou em nota que os agentes envolvidos foram afastados das atividades.
Laudo do Instituto Médico Legal de Aracaju indica que a morte de Genivaldo se deu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de Sergipe, outros exames foram realizados para detalhar as causas, e os laudos complementares ainda serão emitidos. A família de Genivaldo afirmou que ele sofria de esquizofrenia e tomava medicações há cerca de 20 anos.
O caso é investigado pela PRF, que anunciou a instauração de processo disciplinar para apurar a conduta dos agentes envolvidos. Os desdobramentos serão acompanhados pelo Ministério Público Federal.
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