Abandono dos yanomamis era uma política do governo Bolsonaro, diz ministra da Saúde

Nísia Trindade reforçou nesta quinta que o cenário é 'muito grave' e demanda 'uma ação interministerial'

A ministra da Saúde, Nísia Trindade. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, declarou nesta quinta-feira 26 que a equipe de transição para o governo Lula (PT) já conhecia a “trágica” situação na Terra Indígena Yanomami.

Segundo ela, lideranças do movimento indígena, como Sônia Guajajara, tratavam do assunto desde o início do processo, em novembro.

“Mergulhamos nesta questão durante o processo de transição, mas já tínhamos vários indícios da gravidade da situação”, declarou a ministra na primeira reunião ordinária anual da Comissão Intergestores Tripartite. “É uma situação de abandono inadmissível. E eu diria que o abandono era como uma política – política que temos que superar com [ações de] cuidado e atenção integral à população indígena.”

As declarações reforçam a tese do atual governo de que a gestão Bolsonaro vinha negando “a gravidade dos fatos, fechando os olhos para a tragédia que já se anunciava e que agora causa tamanha consternação”, conforme sustenta o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Na semana passada, o Ministério da Saúde enviou a Roraima equipes técnicas encarregadas de elaborar um diagnóstico sobre a situação de saúde dos cerca de 30,4 mil habitantes da Terra Indígena Yanomami.

Cinco dias depois, a pasta declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e criou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, responsável pela coordenação das medidas a serem adotadas.


“É um quadro muito grave, que que vai exigir uma ação interministerial”, disse Nísia Trindade nesta quinta. “Como bem disse [o xamã e líder yanomami] Davi Kopenawa, a fome é a ponta de um iceberg, um terrível indicador, mas a causa não é a fome, e sim o garimpo ilegal, que desestruturou as formas de vida, contaminando os rios e propiciando condições para o aumento dos casos de malária através de escavações onde a água se acumula.”

(Com informações da Agência Brasil)

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