Sociedade

A façanha corintiana

O elenco do Chelsea era melhor, não há dúvida. Mas o Corinthians tinha mais time

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por Afonsinho

O corinthians conquista o bicampeonato mundial, o Palmeiras promove uma bela festa em homenagem ao grande goleiro Marcos e o Castelão é inaugurado, a primeira conquista concreta da Copa de 2014. Importantes celebrações. O lado obscuro fica por conta da confusão na final da Sul-Americana entre São Paulo e Tigre. Nada que represente a grandeza

de brasileiros e argentinos. Hora de dar fim a essa animosidade descabida, papelão de pilantras infiltrados no esporte. Melhores foram as manifestações calorosas, em todo o País, por causa do centenário do Gonzagão. Essa é a cara do Brasil que queremos.

O Timão volta para o abraço da torcida. Venceu com mérito. A partida contra o Chelsea pareceu dois jogos distintos de 45 minutos cada. Como em toda final, todo mundo já se conhecia. Prevaleceu a previsibilidade, num jogo com todos os ingredientes, inclusive as máximas do futebol. A começar pelos goleiros. Repetiu-se o ditado que marcou o Brasileirão: “Todo time começa por um bom goleiro”. Cássio foi o melhor em campo, roubou a cena de Danilo, que jogou de batuta na mão.

Mais uma máxima se confirmou na partida: “Quem não faz leva”. Fernando Torres se apequenou diante do goleiro Cássio, perdeu muitas possibilidades de gol para o Chelsea. Outra assertiva mostrou-se verdadeira: “O treinador tem o time nas mãos”. Tite impôs uma dúvida. Passou a ser, no plano internacional, o treinador de melhor momento no futebol brasileiro. Vai ficar na mesma janela em que estava Felipão. A Copa das Confederações vai esquentar o posto. Habilidade dos cartolas definindo a escolha antes dessa final.

Dois times muito semelhantes no jeito de jogar. Talvez por isso, a torcida do Chelsea não tenha aceitado a chegada do técnico espanhol. No momento em que o clube parte para contratações de jogadores pela sua qualidade técnica, e não a metro e a quilo, chega um treinador defensivo, ou pelo menos assustado.

Ótimos jogadores, muito habilidosos, os meias Hazard e Mata ficaram sem a companhia do nosso Oscar. Eis a razão da derrota? Fato é que o Corinthians arriscou demais. Têm sido desse jeito as decisões dos títulos de futebol. Equipes desiguais fazendo jogos muito duvidosos. Os times refletem a ideia dos técnicos, e não o brilho dos seus jogadores.

Daí a constatação de que o elenco inglês é melhor. É mesmo, mas o Corinthians é o melhor time. As coisas começam a clarear, foram acontecendo conforme o script. As fragilidades do Chelsea vieram à tona. Os ingleses jogaram para definir o jogo no primeiro tempo, com uma ideia de futebol ofensivo. Um atacante aberto pela ponta-direita. Moses, bastante rápido, mas com poucos recursos. Algumas situações de gol surgiram.

O treinador corintiano havia mudado a escalação, optando pelo Jorge Henrique recuado. A insegurança da defesa inglesa era evidente. O zagueiro direito Cahill era o mapa da mina. Desfalque do capitão Terry, lesionado. Até os 20 minutos, intranquilidade de parte a parte. Ramires advertido por emprego excessivo de força. Um jogador técnico escalado para marcar. Chutões para o alto, treinadores aparecem com semblantes estressados.

Nova chance inglesa, com Torres cara a cara. Bolas devolvidas pelas defesas eram dominadas pelos corintianos, mais bem posicionados. Boa jogada do ataque alvinegro, Guerrero finaliza prensado.

Aos 38 minutos, Cássio faz a defesa do jogo em novo lance de Moses, deslocando-se para a esquerda. Torcedor respira aliviado em sua sabedoria depois do sufoco. Quem não o faria. Balanço do primeiro tempo: Chelsea com 64% de posse de bola. Corinthians tranquilo, mais confiante.

Na segunda etapa, surpresa total, o entrosamento dos técnicos. Voltaram invertidos, como se acordassem entre si.

Chelsea completamente defensivo. Ramires, recuado, aos 10 minutos havia feito três coberturas em sua própria área. Um jogador de armação? No Corinthians, Jorge Henrique aberto, ofensivo. As câmeras fecharam em close sobre Fábio Santos, lateral-esquerdo corintiano, com toda tranquilidade diante de um Tite exasperado. No lado inglês, tudo invertido. Moses também atrasado, fazendo marcação, fora de suas características, ao contrário do que fora no tempo inicial. Sorte do Timão.

Danilo começa a dar as coordenadas, Emerson passa a manobrar, Paulinho se encontra no jogo, e sai o gol do Guerrero. Partida resolvida no intervalo com as opções dos respectivos treinadores. Tudo mecânico.

Rafa Benitez foi direto para o banco, desempregado. Uma mudança aqui, outra acolá. Uma expulsão, um gol anulado, a superioridade mosqueteira. Na desolada admiração dos jogadores ingleses à estrondosa torcida brasileira, o resumo do espetáculo.

O período nebuloso que o Chelsea atravessa estampado na expressão dos craques azuis, divididos. Apesar do elenco, não só rico, mas que prima pela qualidade. Oscar, Hazard e Mata são verdadeiros craques da bola, e não superatletas.

por Afonsinho

O corinthians conquista o bicampeonato mundial, o Palmeiras promove uma bela festa em homenagem ao grande goleiro Marcos e o Castelão é inaugurado, a primeira conquista concreta da Copa de 2014. Importantes celebrações. O lado obscuro fica por conta da confusão na final da Sul-Americana entre São Paulo e Tigre. Nada que represente a grandeza

de brasileiros e argentinos. Hora de dar fim a essa animosidade descabida, papelão de pilantras infiltrados no esporte. Melhores foram as manifestações calorosas, em todo o País, por causa do centenário do Gonzagão. Essa é a cara do Brasil que queremos.

O Timão volta para o abraço da torcida. Venceu com mérito. A partida contra o Chelsea pareceu dois jogos distintos de 45 minutos cada. Como em toda final, todo mundo já se conhecia. Prevaleceu a previsibilidade, num jogo com todos os ingredientes, inclusive as máximas do futebol. A começar pelos goleiros. Repetiu-se o ditado que marcou o Brasileirão: “Todo time começa por um bom goleiro”. Cássio foi o melhor em campo, roubou a cena de Danilo, que jogou de batuta na mão.

Mais uma máxima se confirmou na partida: “Quem não faz leva”. Fernando Torres se apequenou diante do goleiro Cássio, perdeu muitas possibilidades de gol para o Chelsea. Outra assertiva mostrou-se verdadeira: “O treinador tem o time nas mãos”. Tite impôs uma dúvida. Passou a ser, no plano internacional, o treinador de melhor momento no futebol brasileiro. Vai ficar na mesma janela em que estava Felipão. A Copa das Confederações vai esquentar o posto. Habilidade dos cartolas definindo a escolha antes dessa final.

Dois times muito semelhantes no jeito de jogar. Talvez por isso, a torcida do Chelsea não tenha aceitado a chegada do técnico espanhol. No momento em que o clube parte para contratações de jogadores pela sua qualidade técnica, e não a metro e a quilo, chega um treinador defensivo, ou pelo menos assustado.

Ótimos jogadores, muito habilidosos, os meias Hazard e Mata ficaram sem a companhia do nosso Oscar. Eis a razão da derrota? Fato é que o Corinthians arriscou demais. Têm sido desse jeito as decisões dos títulos de futebol. Equipes desiguais fazendo jogos muito duvidosos. Os times refletem a ideia dos técnicos, e não o brilho dos seus jogadores.

Daí a constatação de que o elenco inglês é melhor. É mesmo, mas o Corinthians é o melhor time. As coisas começam a clarear, foram acontecendo conforme o script. As fragilidades do Chelsea vieram à tona. Os ingleses jogaram para definir o jogo no primeiro tempo, com uma ideia de futebol ofensivo. Um atacante aberto pela ponta-direita. Moses, bastante rápido, mas com poucos recursos. Algumas situações de gol surgiram.

O treinador corintiano havia mudado a escalação, optando pelo Jorge Henrique recuado. A insegurança da defesa inglesa era evidente. O zagueiro direito Cahill era o mapa da mina. Desfalque do capitão Terry, lesionado. Até os 20 minutos, intranquilidade de parte a parte. Ramires advertido por emprego excessivo de força. Um jogador técnico escalado para marcar. Chutões para o alto, treinadores aparecem com semblantes estressados.

Nova chance inglesa, com Torres cara a cara. Bolas devolvidas pelas defesas eram dominadas pelos corintianos, mais bem posicionados. Boa jogada do ataque alvinegro, Guerrero finaliza prensado.

Aos 38 minutos, Cássio faz a defesa do jogo em novo lance de Moses, deslocando-se para a esquerda. Torcedor respira aliviado em sua sabedoria depois do sufoco. Quem não o faria. Balanço do primeiro tempo: Chelsea com 64% de posse de bola. Corinthians tranquilo, mais confiante.

Na segunda etapa, surpresa total, o entrosamento dos técnicos. Voltaram invertidos, como se acordassem entre si.

Chelsea completamente defensivo. Ramires, recuado, aos 10 minutos havia feito três coberturas em sua própria área. Um jogador de armação? No Corinthians, Jorge Henrique aberto, ofensivo. As câmeras fecharam em close sobre Fábio Santos, lateral-esquerdo corintiano, com toda tranquilidade diante de um Tite exasperado. No lado inglês, tudo invertido. Moses também atrasado, fazendo marcação, fora de suas características, ao contrário do que fora no tempo inicial. Sorte do Timão.

Danilo começa a dar as coordenadas, Emerson passa a manobrar, Paulinho se encontra no jogo, e sai o gol do Guerrero. Partida resolvida no intervalo com as opções dos respectivos treinadores. Tudo mecânico.

Rafa Benitez foi direto para o banco, desempregado. Uma mudança aqui, outra acolá. Uma expulsão, um gol anulado, a superioridade mosqueteira. Na desolada admiração dos jogadores ingleses à estrondosa torcida brasileira, o resumo do espetáculo.

O período nebuloso que o Chelsea atravessa estampado na expressão dos craques azuis, divididos. Apesar do elenco, não só rico, mas que prima pela qualidade. Oscar, Hazard e Mata são verdadeiros craques da bola, e não superatletas.

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