39% dos patrões dispensaram diaristas sem manter o pagamento, diz pesquisa

Atualmente, Brasil tem cerca de 6,5 milhões de trabalhadoras domésticas

Foto: Rawpixel/Freepik

Apoie Siga-nos no

Desde meados de março, quando as primeiras medidas de isolamento social começaram a ser adotadas em todo o país como forma de evitar o contágio por coronavírus, uma parcela de profissionais começou a sentir os efeitos econômicos do confinamento: as diaristas.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva entre os dias 14 e 15 de abril e divulgada esta semana, 39% dos empregadores de diaristas renunciaram ao serviço destas profissionais, sem, entretanto, manter o pagamento das diárias.

O percentual é maior entre os entrevistados pertencentes às classes A e B – camadas da sociedade em que a renda por pessoa da família é superior a R$ 1.526 mensais. Nesse grupo (A e B), a taxa de empregadores que dispensaram as diaristas sem pagamento é de 45%.

A pesquisa indica também que 23% dos empregadores de diaristas e 39% dos patrões de mensalistas afirmaram que suas funcionárias continuam trabalhando normalmente, mesmo durante o período de quarentena.

O Brasil tem cerca de 6,5 milhões de trabalhadoras domésticas. Atualmente, 11% das famílias brasileiras contam com o serviço de ao menos uma trabalhadora doméstica.


Sem garantias em tempos de crise

De acordo com o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, essas trabalhadoras estão sem poder atender às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ficar em casa para reduzir a circulação do vírus.

“As trabalhadoras domésticas são, muitas vezes, a ponte da transmissão do coronavírus para a periferia e, do ponto de vista trabalhista, elas são a representação da fragilidade do trabalho eventual, sem garantias em períodos de crise”.

De acordo com o estudo, 39% dos patrões de diaristas e 48% dos empregadores de mensalistas declararam que suas funcionárias estão recebendo o pagamento normalmente, mas sem trabalhar, para cumprir o distanciamento social requerido contra a doença.

Para o levantamento, o instituto entrevistou uma amostra de 1.131 pessoas por telefone, em cidades de todos os estados do país. A pesquisa ouviu homens e mulheres com 16 anos ou mais, e tem margem de erro de 2,9 pontos.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.