Sociedade

“Queremos que os brancos respeitem nossos direitos”

Mulheres Kayapó protestam contra o arrendamento de terras indígenas

“Queremos que os brancos respeitem nossos direitos”
“Queremos que os brancos respeitem nossos direitos”
Elas afirmam que o projeto ruralista ameaça a vida, a cultura e o modo de pensar tradicional
Apoie Siga-nos no

Durante a tradicional festa Menire Bijõk, na Terra Indígena Kapot-Jarina, no Mato Grosso, mulheres da etnia Mebêngôkre/Kayapó organizaram um protesto contra o arrendamento das terras indígenas.

“Estamos lutando por nossos direitos. Nós, mulheres indígenas Kayapó, estamos muito preocupadas com esses projetos dos políticos ruralistas que estão ameaçando a nossa vida, a nossa cultura e o modo de pensar tradicional”, afirma Irepoiti Metuktire, uma jovem liderança.

O protesto refere-se a uma audiência realizada em 18 de outubro na Câmara dos Deputados, organizada pela Frente Parlamentar da Agropecuária, para debater a “produção agrícola indígena no Brasil”. Apesar de contar com a participação de alguns indígenas, a audiência teve pouca representatividade. O objetivo do encontro era consolidar a proposta de liberar o arrendamento das terras indígenas para o agronegócio, hoje proibido.

“Infelizmente, nós indígenas não estamos sendo consultados pelos não indígenas”, reclama Irepoiti. “É por isso que estamos fazendo nossa manifestação. É nosso direito”.

Leia também:
Os waiãpi afiam suas flechas contra invasores na Amazônia
Tribo remota da Amazônia tenta transitar entre dois mundos

Em seu manifesto, lançado essa semana, as mulheres acusam ainda políticos locais de utilizarem a saúde indígena como moeda de troca. Em 05 de maio desse ano, as Kayapo/mebengokrê fecharam a MT-320 contra o atendimento precário em hospital regional de Colider. Pouco antes, uma mulher grávida e uma criança indígenas haviam falecido. 

Irepoiti resume o protesto: “Queremos que os brancos respeitam nossos direitos conquistados pelos mais velhos na Constituição Federal de 1988”.

 Abaixo, o manifesto das mulheres Mebêngôkre/Kayapó:

 MULHERES INDÍGENAS MEBÊNGOKRE/KAYAPÓ CONTRA O ARRENDAMENTO DAS TERRAS INDÍGENAS

Foto: Irepoiti Metuktire

Na última quinta-feira 9, mulheres, lideranças indígenas da etnia Mebêngôkre/Kayapó da Terra Indígena Kapot-Jarina, próximo ao município de Colider, no Mato Grosso, realizaram uma manifestação contra a prática de clientelismo que os políticos fazem na saúde indígena ofertando cargos como pagamento ou troca de favores pela campanha paga.

A ação também foi realizada em denúncia à manobra que a bancada ruralista tem feito para ter acesso às terras indígenas em forma de exploração, usando do discurso da agricultura indígena que visa aderir o modelo do Agronegócio para a plantação de nossas roças.

Os povos exigem o fortalecimento do modo de plantar, em repúdio aos agrotóxicos e pesticidas, contra o arrendamento de Terras indígenas.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo