Sociedade

10 milhões de crianças de até 6 anos vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza no Brasil

Segundo pesquisadora, a exposição à pobreza impacta a faixa etária ‘mais importante para o desenvolvimento das habilidades de uma pessoa’

Foto: Reprodução
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A taxa de pobreza no Brasil para crianças com até seis anos de idade subiu exponencialmente com a pandemia. A conclusão é de pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul, que registraram a deterioração do cenário na primeira infância por meio do relatório Pobreza Infantil no Brasil.

Os dados indicam crescimento de 8,6% em um ano. Em 2020, início da pandemia, era de 36,1% a proporção de crianças nessa faixa etária em situação de pobreza — ou seja, cujas famílias viviam com 467 reais por mês. No ano seguinte, o índice subiu para 44,7%. O nível de extrema pobreza, a atingir famílias que vivem com 161 reais por mês, chega a 12,7%

Em números absolutos, são 7,8 milhões de crianças vivendo na pobreza e 2,2 milhões na extrema pobreza.

Segundo o estudo, as crianças mais afetadas com a falta de acesso financeiro básico são negras, de áreas rurais, da região Nordeste e majoritariamente provenientes de famílias monoparentais, nas quais só há um cuidador. 

A discrepância entre as crianças negras e brancas, por exemplo, é de 22%. Enquanto a primeira infância não-branca representa 54,3% da população em situação de pobreza, as crianças brancas são 32,4%. 

Nas regiões rurais, 69,7% das crianças sofrem com situação de pobreza, ante 40,2% no meio urbano – uma disparidade de quase 30 pontos percentuais.

Segundo a professora Izete Bagolin, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, a exposição à pobreza impacta a faixa etária “mais importante para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e não cognitivas de uma pessoa” e, por isso, os prejuízos são “irreversíveis”.

Das crianças em situação de pobreza, 27,4% viviam em famílias monoparentais em 2021. O índice aumenta quando se considera as crianças em extrema pobreza, grupo no qual 39% têm somente um cuidador. 

Na região Nordeste, o alerta recai sobre o Maranhão, onde a taxa de pobreza infantil em 2021 chegou a 71,8%. No Piauí, em Pernambuco e na Bahia, pelo menos uma em cada quatro crianças estava em situação de extrema pobreza. 

Para o pesquisador Ely José de Mattos, “a pobreza infantil é particularmente grave por afligir o indivíduo em uma fase de sua formação que é crucial para seu desenvolvimento futuro, e os níveis de pobreza que observamos hoje no Brasil acendem um importante alerta”. 

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