Na corrida pela comprovação científica de uma vacina eficaz e segura, produtores de conteúdos falsos e teorias conspiratórias ainda têm arrecadado dinheiro com a monetização do YouTube.
Um levantamento do grupo União Pró-Vacina (UPVacina), que reúne pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, apontou que cerca de 65 vídeos publicados entre 2 de março e 21 de outubro, que somam 3,8 milhões de visualizações e 3,1 milhões de inscritos, não foram derrubados pela plataforma mesmo depois de mudanças a fim de coibir a disseminação de mentiras sobre a Covid-19.
“A monetização dos vídeos está permitindo que tanto os autores quanto o próprio YouTube se beneficiem financeiramente do material, em meio a uma guerra política e informacional que atenta diretamente contra a saúde pública e cobra seu preço em vidas.”, dizem os pesquisadores.
No dia 16 de outubro, o YouTube afirmou que passaria a derrubar fake news contra a vacina da Covid-19 – uma ação adicional à intenção da rede de também barrar informações falsas sobre a doença. Em um comunicado, a plataforma disse que as novas regras vêm como uma forma de garantir que as informações veiculadas na plataforma sejam legítimas conforme os estudos sobre as vacinas avançam.
O potencial do alcance é destrutivo em termos informacionais: um dos vídeos que o YouTube demorou para tirar no ar foi o conteúdo mais compartilhado sobre vacina no Facebook no mês de setembro.
De acordo com o estudo do UPVacina, o número de compartilhamentos do vídeo em questão foi 52 vezes maior do que a soma de todos os conteúdos produzidos nos principais grupos antivacina no Facebook entre maio e julho.
“Entre os principais temas, mentiras tradicionalmente utilizadas pelos grupos antivacina, como presença de células de fetos abortados na composição dos imunizantes e uso dessas substâncias para inserir microchips ou alterar o DNA humano com o propósito de controlar a população.”, dizem os pesquisadores.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login