Um estudo realizado por universidades britânicas analisou que, no tratamento da Covid-19, o uso indiscriminado de antibióticos acelera o surgimento de bactérias super resistentes, que se tornam prevalecentes em relação às outras.
A análise e os dados coletados foram publicados na quarta-feira 2 na revista científica The Lancet Microbe, e analisou estatísticas de tratamento de mais de 48 mil pacientes de hospitais britânicos. No entanto, os resultados têm dimensões globais, defendem os autores.
“A baixa incidência de infecções bacterianas respiratórias e circulatórias tem sido consistentemente reportada em pacientes admitidos em hospitais com a Covid-19. Um entendimento sobre coinfecções, infecções secundárias e padrões do uso de antibióticos em pacientes com Covid-19 é necessário para informar estratégias otimizadas de controle de antibióticos”, afirma texto introdutório.
No Reino Unido, o uso dos medicamentos antibacterianos foi mais comum entre os meses de março e abril de 2020, quando pouco se conhecia sobre o comportamento do coronavírus no corpo humano. Em infecções do vírus Influeza, por exemplo, a taxa de coinfecções é de 23%, com agravamento da situação clínica do paciente, o que faz com que antibióticos sejam usados com mais propriedade.
Mas nos pacientes com Covid-19 analisados, apenas 13% tiveram algum sinal de coinfecção. O uso proposto, porém, era de 85% para pacientes hospitalizados e 37% para quem tratou de casos leves.
No Brasil, um antibiótico tornou-se “popular” por estar incluso no chamado “kit Covid”, recomendado pelo governo federal em diversas minutas do Ministério da Saúde – a azitromicina. Hoje, o medicamento não é mais oficialmente divulgado enquanto tratamento eficiente.
Entre as recomendações feitas pelos pesquisadores, está a restrição da receita indiscriminada de antibióticos e a preferência por escolher medicamentos que tratem de sintomas mais específicos para patógenos locais, caso sejam identificados. Leia o estudo completo [em inglês].
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