Saúde

Teich pede demissão após Bolsonaro forçar fim do isolamento e uso da cloroquina

O pedido de demissão de Teich acontece exatos 29 dias depois de Mandetta ser demitido pelo presidente Bolsonaro

O ministro Nelson Teich ao lado de Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa / PR)
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A um dia de completar o primeiro mês frente ao ministério da Saúde, o ministro Nelson Teich pede demissão do cargo. O anúncio foi confirmado pela própria pasta nesta sexta-feira 15, que ainda anunciou uma coletiva de imprensa para o período da tarde.

A saída do ministro acontece um dia depois do presidente ter feito uma reunião via teleconferência com empresários do País. No encontro, Bolsonaro questionou o protocolo do ministério da Saúde sobre o uso da hidroxicloroquina e afirmou que a diretriz não só poderia, como iria mudar. A pasta libera o uso da medicação para pacientes em estado grave, por falta de embasamento científico. O protocolo é o mesmo de quando o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta estava frente ao cargo.

Embora pressionado pela mudança, Teich vinha demonstrando uma postura mais cuidadosa em relação à liberação da medicação, como sinalizou em suas redes, quando o Conselho Federal de Medicina orientou a adoção do medicamento em casos, mais leves, por exemplo.

Teich também vinha sendo pressionado por Bolsonaro pelo fim do isolamento social, estratégia que o presidente condena desde o início da pandemia. No dia 2 de maio, o ministro foi pego de surpresa, durante uma coletiva do ministério, sobre o decreto do presidente Jair Bolsonaro que incluía como serviços essenciais salões de beleza e barbearias, além de academias. Dias antes, o presidente tinha colocado no mesmo decreto os serviços de construção civil e indústrias. Relembre o momento:

Na quarta-feira 13, o Ministério da Saúde cancelou uma coletiva onde deveria apresentar detalhes e diretrizes sobre a política. A informação é que o governo não chegou a um consenso com os conselhos estaduais e municipais de saúde. Teich já tinha declarado que o tema deveria ser debatido com estados e municípios. O ministério falou sobre a falta de entendimento, em nota, e disse que a estratégia vinha sendo debatida desde o sábado 9.

“O objetivo era ter um plano construído em consenso. No entanto, esse entendimento não foi obtido nas reuniões conduzidas até o momento”, afirmou a pasta.

É a segunda troca de ministro da Saúde que o País enfrenta em meio a pandemia do coronavírus. O pedido de demissão de Teich acontece exatos 29 dias depois de Mandetta ser demitido pelo presidente Bolsonaro. O Brasil acumula 13.993 óbitos e 202.918 casos confirmados.

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