Saúde

Em São Paulo, hospitais privados pedem transferências ao sistema público

Foram feitos ao menos trinta pedidos nos últimos dias. A prefeitura diz que essas solicitações ‘refletem pressão’ sobre os sistemas de saúde

O estado de São Paulo anunciou fase de emergência nas restrições sanitárias. Foto: GOVSP
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Sob risco de um colapso e em meio à alta de casos de Covid-19 na cidade, hospitais privados de São Paulo pediram a utilização de leitos da rede pública municipal. Segundo a Prefeitura de São Paulo, foram recebidas 30 solicitações do tipo nos últimos quatro dias.

 

Os pedidos de transferências podem estar ligados ao fato de o paciente não ter condições de concluir o tratamento integral na rede particular, disse a Prefeitura em nota divulgada nesta terça-feira 16.

“As solicitações das unidades privadas refletem a pressão sobre os sistemas público e privado em função do recrudescimento da pandemia em São Paulo e em praticamente todas as regiões do País. Porém, ainda não indica o esgotamento da rede privada.”

Segundo tabela apresentada pelo secretário municipal Edson Aparecido, o Hospital São Cristóvão é o que solicitou mais pedidos de transferência, seguido de outras 14 empresas. Os pedidos foram feitas por meio da Central de Urgência e Emergência do Complexo Regulador Municipal da Secretaria Municipal de Saúde.

  • Apresentou 5 pedidos de transferência: Hospital São Cristóvão.
  • Apresentaram 3 pedidos de transferência cada: Hospital Santa Virgínia, Hospital Santa Paula, Instituto de Câncer Dr. Arnaldo e Hospital Nipo-Brasileiro.
  • Apresentaram 2 pedidos de transferência cada: Maternidade São Miguel, Hospital São Camilo e Instituto de Gastroenterologia de São Paulo.
  • Apresentaram 1 pedido de transferência cada: Hospital Nossa Senhora de Lourdes, Hospital Vida’s, Hospital Lefort, Hospital Edmundo Vasconcelos, Hospital Nove de Julho, Hospital Albert Sabin e Hospital Aviccena.

Nas redes sociais, o coordenador do Centro de Contingência contra o Coronavírus de São Paulo, João Gabbardo dos Reis, confirmou as solicitações.

“Hospitais privados na capital São Paulo solicitam leitos do SUS para internação de pacientes com convênio. O vírus não seleciona os pacientes por classe social”, disse.

Em entrevista a CartaCapital, o infectologista Marcos Boulos, também membro do Centro de Contingência, vê um riscos de colapso em todo o País. Nos seus cálculos, o Brasil pode ultrapassar a marca dos 500 mil mortos em agosto, caso o governo federal mantenha o ritmo de vacinação e as políticas de distanciamento como estão.

“Há algum tempo temos o sistema de saúde absolutamente lotado no País todo. Hoje, tem pessoas morrendo por falta de hospital”, afirmou. “Fala-se em 90% de lotação, mas na prática é 100%. E o interior está pior que a capital.”

Nesta terça, o País bateu mais um recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas: foram 2.340, levando o total a 281.626, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

*Atualização em 18 de março: Em nota, o Grupo São Cristóvão, responsável pelo Hospital São Cristóvão, afirmou que os leitos solicitados à rede municipal não foram destinados aos seus beneficiários, mas sim a pacientes que não são beneficiários e receberam os primeiros socorros no pronto-socorro da instituição. “Após a estabilização de seus quadros de saúde, optaram pela transferência para o Sistema Único de Saúde”, escreveu a empresa.

Confira nota na íntegra:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

O Grupo São Cristóvão Saúde esclarece que até a presente data os leitos solicitados via sistema CROSS – Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS) não foram destinados a seus beneficiários. É importante ressaltar que os leitos solicitados foram destinados a pacientes que não são beneficiários do São Cristóvão Saúde, mas que devido a emergências, receberam os primeiros socorros no pronto-socorro da Instituição e após estabilização de seus quadros de saúde, optaram pela transferência para o SUS.

Desde o início da pandemia de Covid-19, o Grupo São Cristóvão realizou diversas medidas para garantir o atendimento necessário a seus beneficiários, sempre prezando pelo respeito a esses públicos e a comunidade a qual pertence, com total transparência nas informações. Por isso, compartilha diariamente boletins com números de pacientes atendidos em seu Pronto Socorro (Covid) e outras informações relacionadas ao combate à doença em suas redes sociais. Todo um plano de ação foi desenhado considerando diversas variáveis, desde a criação de um canal de atendimento exclusivo sobre informações e orientações de saúde, campanhas, envio de e-mail marketing e SMS de caráter educativo, até a adequação da infraestrutura, com novos equipamentos hospitalares importantes, como respiradores e monitores cardíacos e desenvolvimento de protocolos terapêuticos para a Covid-19.

Outro ponto importante de ser ressaltado, é que desde o início da pandemia o Grupo também forneceu gratuitamente máscaras de proteção para os colaboradores se protegerem no trajeto até sua casa, investiu em cabines de desinfecção e criou um espaço destinado ao acolhimento com psicólogos especializados para apoiar a equipe neste momento. Até o presente momento, os beneficiários do plano de saúde São Cristóvão Saúde tiveram suas internações garantidas sejam elas na rede própria ou credenciada.

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