Sobrecarga em hospitais leva Mandetta a reforçar apelo por isolamento

Ministro afirmou que coronavírus causa impactos 'extremamente graves' por desabastecer os sistemas de saúde

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Isac Nóbrega/PR

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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez mais um apelo para que a população adote o isolamento e evite aglomerações, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira 1. Segundo o ministro, há grande preocupação com o desabastecimento de equipamentos de proteção individual hospitalares, por reflexo da crise do novo coronavírus.

Mandetta informou que todos os estados estão abastecidos por enquanto, mas contou dificuldades para realizar novas compras de apetrechos como máscaras e luvas. Há também incertezas no fornecimento de respiradores. Ele explicou que, se não houver esforços para “desacelerar a dinâmica social”, haverá maiores complicações para conter a proliferação do novo coronavírus e o sistema de saúde será sobrecarregado.

“Se nós não fizermos retenção de dinâmica social, se nós sairmos, se nós aglomerarmos, se nós fizermos movimentos bruscos e relaxarmos nesse grau de contágio, sim, você pode ficar com uma série de problemas em equipamentos de proteção individual, porque nós não estamos conseguindo adquirir de forma regular o nosso estoque”, disse o ministro.

Mandetta afirmou que sua pasta será “transparente” com as informações e que, hoje, há muita preocupação com a regularização do estoque de equipamentos. Ele orientou que os secretários estaduais de Saúde não esperem os repasses do Ministério e tentem fazer suas aquisições de equipamentos com seus próprios fundos.

Segundo Mandetta, o Ministério da Saúde está aguardando que a China “pacifique o mercado”. O ministro criticou a grande dependência do Brasil em relação ao mercado chinês para a obtenção das compras hospitalares e defendeu que o país trave esta discussão após a pandemia.


“Eu espero que nunca mais o mundo cometa o desatino de fazer 95% da produção de insumos que decidem a vida das pessoas num único país. Isso é uma das discussões do pós-epidemia. Porque hoje nós não estamos vivendo a gravidade do vírus, que em grande escala, pode não ser tão letal. Mas, para os sistemas de saúde no mundo, esse vírus está sendo extremamente grave”, declarou.

Segundo o ministro, a distribuição de mais testes deve aumentar o número de confirmações de casos no Brasil. Nesta quarta-feira 1, foi anunciado o reforço com 500 mil testes rápidos, e que há a previsão do repasse de mais 23 milhões de testes da doença. Mandetta informou que já há testes com máquinas, o que deve acelerar o aumento do índice de identificações.

Hoje, o número de casos está muito menor do que a quantidade de casos que circulam na sociedade, segundo o ministro. Isso aumenta, em muito, a necessidade da redução da dinâmica social, disse Mandetta.

“Se não tivéssemos cuidado para segurar, provavelmente hoje já estaríamos em espiral de casos, mesmo fazendo esse isolamento, ou essa dinâmica social diminuída. Porque não é isolamento o que nós fizemos, não é lock-down o que o Brasil fez não. O Brasil fez uma diminuição da atividade, mas não fez lock-down”, disse.

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