Saúde
Raiva humana: morre menina indígena, terceira vítima no país em um ano
As outras duas vítimas fatais também moravam na mesma aldeia. Um quarto possível caso está sob investigação


A Secretaria estadual de Saúde (SES) de Minas Gerais confirmou a morte de uma menina indígena de 12 anos diagnosticada com raiva humana. Ela estava internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital João Paulo II, no Centro de Belo Horizonte, desde o início do mês de abril. O óbito ocorreu última sexta-feira.
Esta é a terceira morte causada por raiva humana no Brasil em 2022. A menina viva em uma aldeia indígena, em uma comunidade rural na cidade de Bertópolis, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais. Ela ficou doente após ser mordida por um morcego.
As outras duas vítimas fatais também moravam na mesma aldeia. Zelilton Maxacali, de 12 anos, contraiu a doença após ser mordido por um morcego. Ele morreu no dia 4 de abril. Já a outra criança, um menino de 5 anos, morreu no dia 17 de abril. Ele não apresentava sintomas de raiva humana, mas a SES decidiu investigar “o óbito como tal em função da proximidade geográfica das ocorrências e dos hábitos da comunidade”. O resultado positivo saiu no dia 26 de abril. O caso segue sob investigação epidemiológica para identificar as circunstâncias do contágio, já que a criança não apresentava sinais de mordedura ou arranhadura por morcego.
Um quarto possível caso de raiva humana está sob investigação. Trata-se de uma menina de 11 anos, que apresentou sintomas inespecíficos como febre e cefaleia. A SES decidiu investigar porque ela é parente da menina que morreu na última sexta-feira. Enquanto os resultados dos exames laboratoriais não saem, a paciente segue internada em leito clínico e seu quadro de saúde é estável.
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos. Quando pessoas são acometidas, o caso é chamado de raiva humana. A doença é considerada gravíssima, com taxa de letalidade de aproximadamente 100%.
A doença é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, incluindo cães e gatos, por meio da mordida, arranhão ou lambida. Os sintomas aparecem após 45 dias do contato. De acordo com o Ministério da Saúde, em crianças, o período de incubação pode ser mais curto.
Os primeiros sinais da raiva humana são:
Mal-estar generalizado;
Pequeno aumento de temperatura corporal;
Emagrecimento;
Dor de cabeça;
Náuseas;
Dor de garganta;
Entorpecimento;
Irritabilidade;
Inquietude; e
Sensação de angústia.
Esses sintomas duram de dois a dez dias. Em seguida, ela progride para ansiedade, hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões e, por fim, paralisia. O período entre o início dos sintomas e o óbito varia de 2 a 7 dias.
O diagnóstico é feito por meio dos sintomas e da história clínica do paciente. Mas a confirmação necessidade de um exame laboratorial. Após a instalação da doença, é possível iniciar o protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos. Entretanto, mesmo com esse suporte, a maioria dos pacientes vai a óbito. é importante salientar que nem todos os pacientes de raiva, mesmo submetido ao protocolo sobrevivem.
Por isso, a melhor forma de evitar a doença é preveni-la por meio da vacinação e soro antirrábico. Outras formas de prevenção incluem a vacinação anual de cães e gatos, evitar se aproximar de animais sem dono e animais silvestres.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.